A hora de tirar a fralda… reflexões

20.08.2013 – Será que chegou a hora de tirar a fralda?? Nenhum bebê precisa ser ensinado a fazer xixi e coco, faz parte do funcionamento fisiológico. O que é preciso aprender é quando e onde fazer. E isso depende de vários fatores. As crianças, como todas as outras pessoas, são seres psicossomáticos, por isso, é preciso considerá-las em seus aspectos psíquicos e em seus aspectos somáticos.

Quando um bebê nasce, tem um controle motor incipiente, diz-se que ele é “molinho”, falta o tônus que virá com o desenvolvimento. Primeiro sustenta a cabecinha, podendo virá-la para onde um estímulo se apresentar e isso amplia seu mundo consideravelmente. Aos poucos ganha o controle de seus bracinhos, senta, engatinha e, depois, anda. Essa trajetória nos indica que os ganhos são sucessivos, naturais e que não podemos atropelá-los.

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Ao adquirir o domínio da marcha, conseguiu coordenar a capacidade motora e o equilíbrio e já pode ir em busca do que quer e logo voltar para a mamãe.

A hora de tirar a fralda

Nesse tempo, ainda está de fralda, pois deixar de usá-la envolve aspectos muito complexos. Se nos detivermos apenas nos aspectos somáticos, para usar o peniquinho, o bebê precisa ter condições de sentar e de manter-se sentado. Para isso, necessita equilíbrio e controle motor, pois, ao mesmo tempo em que mantém as pernas mais ou menos imóveis, precisa movimentar uma musculatura fina que age sobre os esfíncteres, abrindo-os e fechando-os, o que é uma façanha considerável. Françoise Dolto nos ensina que, quando uma criança pode descer uma escada, já tem possibilidades fisiológicas de controlar seus esfíncteres.

A hora de tirar a fralda

Por outro lado, desde que nasce, o bebê é convencido, especialmente pela mãe, de que é o mais lindo do mundo, o mais esperto, o mais capaz e que, de certo modo, pode fazer o que quiser, pois afinal é ”Sua majestade o bebê”. No início, ele precisa disso, pois é tão vulnerável e frágil, que só acreditando no contrário para ir em frente. Com um ano e meio, dois, ele está convencido de que é todo poderoso. E aí, vem a mamãe e diz: “Não, não pode fazer xixi aí, é no peniquinho!”. Para o bebê, deve soar estranho e, talvez, pense: “Ué, eu posso fazer tudo o que eu quero, onde eu quero, por que tem que ser onde a mamãe quer?”. E aí vem as diferenças individuais de cada bebê e o momento do desenvolvimento em que o início desse treinamento está acontecendo. Há bebês que aceitam com maior facilidade e tentam atender o pedido da mãe, outros ficam mais arredios e se opõem tenazmente. Afinal, se trata de algo precioso produzido na barriguinha deles que é intolerável separar-se.

O bebê se vê capaz de controlar a marcha, talvez possa controlar a mamãe com o coco: tanto pode ser um presente, como um objeto de barganha. Estou feliz com a mamãe, vou fazer coco onde ela quer. Estou aborrecido com a mamãe não vou atender ao seu pedido: “Faz, filhinho(a)!. Não faço!” E pode se suceder um período de prisão de ventre. Ao invés de soltar e “fazer”, prende o coco. O mesmo uso pode ser feito do xixi. O fato é que esses movimentos fisiológicos sempre estão carregados de emoções de amor e de raiva.

Mas, assim como tem as características do bebê, também tem as da mãe e dos demais cuidadores que se ocupam da criança. Paciência e tolerância são fundamentais.

A hora de tirar a fralda

Atitudes de irritação e de nojo em relação às produções do bebê são mal toleradas por ele. Requer um enorme esforço aceitar que uma parte sua vai se desprender dele e vai para longe, por isso o “Tchau, coco!” quando vai para a privada, é muito bem-vindo. Não é fácil para a criança, essa aprendizagem necessita de tempo, há idas e vindas, parece que conseguiu e dá uma escapada, é assim mesmo. Até porque, durante esse processo, a vida segue com suas agruras e delícias: perdas, trocas, nascimento de irmãozinhos, alterações de saúde, férias, volta ao trabalho, variações climáticas… tudo isso interfere na manutenção de aprendizagens alcançadas.

 

Autora: Maria Nurymar Brandão Benetti

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