Mãe aos 16… Amigas aos 26!
11.11.2013
Fernanda Sena
Mãe da Vitória Magnus (10 anos) e do Vitor Sena (2 anos)
♥ Lutou contra um aborto sugerido pela família e decidiu criar sua filha sozinha, reconstruindo a própria vida
Quando eu tinha 15 anos, Deus me mandou um presente e essa história eu preciso contar. Primeiro, porque na época ninguém me ouviu e nem depois também… rs! E segundo, porque é uma felicidade imensa dividir isso com vocês.
Porque, diferente do que pensam, ser mãe aos 16 anos pode não ser (e não foi no meu caso) a pior coisa do mundo, pode (e foi) o melhor acontecimento da minha vida! DIFÍCIL?? Sim… parecia quase impossível… Mas foi super possível e lindo!!!
Na confusão da minha adolescência e no início da curiosidade por sexo, namorando quem eu achava ser o amor da minha vida, me entreguei! Essa entrega foi esquisita, pois não conhecíamos nada e tampouco aproveitamos, pois no final de tudo isso a camisinha estourou! Sim, para minha sorte, é claro. Na época, não entendi. Marcamos consulta no dia seguinte (no horário da aula para ninguém desconfiar), a médica retirou uma parte da camisinha que havia ficado dentro de mim, prescreveu a pílula do dia seguinte e pronto. A médica disse que a gravidez estava descartada! Mas, se a camisinha, que tem 99% de confiabilidade, estourou, imagine um remédio…
E como eu costumo pensar… o que está escrito ninguém apaga!
Bem, um mês se passou e eu não menstruei. Até aí, normal, tinha quase acabado de descobrir a menstruação… Nesse meio tempo e na confusão dos meus sentimentos adolescentes, a morte era quase a minha única opção (pelo menos eu achava…). Minha vida estava tão transtornada que eu só pensava e tentava morrer. Depois de um episódio de me jogar e ficar pendurada no 15o andar da casa da minha mãe, fui morar com meu pai, em Piracicaba.
Como vocês podem ver, a menstruação era o menor dos meus problemas… Mas, um belo dia, meu pai falou; “ué, você não menstrua?!” Pensei… como ele sabe dessas coisas… “Sim, pai, menstruo”. Respondi. A partir dali, já achei algo estranho e comecei a colocar o absorvente sem sangue para ele não desconfiar.
Corri para fazer o exame de farmácia!! Sim, eu estava grávida!! Gravidíssima e nem raciocinava! Só tinha certeza que não queria mais morrer! NUNCA MAIS!!!
No início, só eu e o pai da minha filha soubemos. Depois, contei para a minha madrasta, que sugeriu e me levou para fazer um ultrassom (que fez toda a diferença nessa história).
Bom, fui ao médico que me olhou e falou: “ela esta grávida, nem precisa de exame de sangue e de três meses ainda.” Uau… eu precisava entender tudo aquilo! “Vamos fazer um ultrassom para ver o bebê?!” (sic)
“Claro!!”(sic) Apesar do medo de tudo isso, era o que eu mais queria!
Tum tum tum… Meu Deus!! Não sei descrever o que senti quando ouvi aquele bebezinho com um coraçãozinho batendo rapidamente!!! Só sei que aquilo me deu uma força indescritível que me permitiu estar contando essa história hoje!
Bom, isso foi só o começo… Após o exame, meus pais e o dele conversaram e decidiram “tirar” minha filha! Oi?! A filha está aonde?! Quem decide isso?! Graças a mim e a Deus que tínhamos o poder, decidimos o contrário! Chegou até a acontecer um episódio onde minha mãe marcou um médico para “tirar” meu bebê, me buscou, quis me levar ao Mc Donald’s e, de lá, me levaria para a clínica. Bem, se não fossem também minhas “anjinhas” da guarda, minha irmã Ana Carolina e minha prima Trícia (madrinhas dos meus babies) que me contavam sempre esses detalhes sórdidos, não sei o que seria. Enfim, recusei o Mc e disse uma coisa só que mudou tudo: “se Deus colocou minha filha aqui, só ele pode tirar”! Eu e meu pai nunca choramos tanto na vida, mas eu sempre tive a certeza da felicidade no final do caminho. E, a partir deste dia, meu pai acabou me apoiando e me ajudando muito! Sou grata eternamente por isso.
Bom, voltei para Campinas, na casa da minha mãe, mas as coisas lá só pioravam! Fiz terapia, minha baby nasceu e um pânico gigantesco se instalou! Eu não deixava ninguém ficar com ela, trancava a porta do quarto à noite, tinha certeza de que a qualquer hora alguém a pegaria de mim! Com muita terapia, isso diminuiu… Logo após seu nascimento, me separei do pai dela.
Voltei para a escola já com 17 anos. Tirava leite todo intervalo, mas desviei um pouco da escola! Meu foco era a bebê mais linda do mundo e, quanto aos amigos, eu não perdi, eles me perderam com um preconceito bobo e desnecessário.
Não demorou muito para que as brigas em casa voltassem e eu decidi tirar minha bebê daquela confusão! Aluguei um apartamento e fui morar sozinha com a Vitória. Levei o pouco que tínhamos e, quando minha mãe viu, só tinha ficado o armário vazio! Foi tenso também…
O que eu ganhava pagava só meu aluguel, mas, para minha sorte, ela mamava e bem o peito. A avó paterna dela me ajudou e me ajuda até hoje com os cuidados dela (uma santa e “anja”)… Eu voltei a estudar e comecei a trabalhar muito como vendedora porque sabia que deveria focar nisso para construir um futuro diferente do que me disseram que seria! Com 17 anos, me emancipei e comprei um buffet. Com 18 anos, conheci meu atual marido, com 21 anos casei, com 24 anos me formei em Psicologia e, no mesmo ano, me permiti ser mãe novamente do Vitor. Hoje atuo como psicóloga, coordenadora de eventos e recém-empresária no ramo de fotos-lembranças.
Confesso que, nessa trajetória, por muitas vezes, caí e recorri à bebida, mas Deus sempre colocou anjos na minha vida e, após muitos e muitos anos de lutas, hoje, eu posso dizer que nossa história (minha e da Vitória, minha filha) só poderia ter um final feliz! Cumpri a minha promessa este ano de levá-la à Disney e tudo que faço e posso é pensando nela. Hoje, ela tem 10 anos, é uma menina super inteligente, amável, linda (bem parecida comigo), educada, minha amiga, companheira e o verdadeiro amor da minha vida!!! Nada seria e nem teria sentido sem ela!!!
Quanto à minha mãe…. Depois de algum tempo, eu voltei pra Piracicaba, fiquei quatro anos sem vê-la. Agora, há mais ou menos dois anos, estamos bem, trabalhando juntas, depois de muita terapia também. O pai da Vitória sempre foi muito presente na vida dela, hoje ele mora em São Paulo, mas fica com ela quase todos os finais de semana.
Eu já perdoei todos!!! E agora posso dizer que, enfim, vivemos felizes para sempre!!!
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