Por que as pessoas cometem suicídio?

17.09.2019 – Precisamos falar sobre suicídio. Ainda existe muito preconceito sobre o assunto e muitas pessoas só dão atenção quando passam por isso com elas mesmas ou com familiares e pessoas próximas.

Segundo o levantamento “Depressão, suicídio e tabu no Brasil: um novo olhar sobre a saúde mental”, realizado pelo Ibope Conecta, que contou com a participação de 2 mil brasileiros a partir dos 13 anos de idade, a ausência de informação se reflete nos números de óbitos.

Dados do Ministério da Saúde mostram que a taxa de mortalidade por suicídio é de 2,4 mulheres a cada 100 mil, enquanto, para os homens, chega a 9,2 para cada 100 mil. Eles se matam cerca de quatro vezes mais.

Carol Hahmeyer

Mãe do João Gabriel. Paulista de RG, goiana de coração. Psicóloga Cognitiva Comportamental com ênfase em Resgate da Autoestima Feminina, com Pós-Graduação em Administração Hospitalar e Saúde Pública e Fotógrafa.

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Carol e João Gabriel

Suicídio é a consequência de uma dor

Existem muitas definições para o Suicídio, mas a mais comum é: que suicídio é qualquer ato que tenha como intenção aniquilar a própria vida. Essa seria a definição mais abrangente de tentativa de suicídio, independente se o método usado pela pessoa foi letal, eficaz, ou não. Mas, independente disso, se com aquela ação o indivíduo teve o objetivo de tirar a própria vida, isso já é considerado uma forma de tentar o suicídio.

O suicídio não é apenas o suicídio em si, ele na verdade é a consequência, um sintoma de um sofrimento, de uma dor e de algo que já estava instalado na pessoa ao longo da vida, seja ele um fator psicológico, fator social, ou uma doença. E são esses fatores que vão ajudando que o ato em si aconteça.

Hoje a Sociedade Brasileira de Psiquiatria apurou que 90% das tentativas de suicídio e da execução do ato, envolve algum transtorno mental não tratado.

Para que possamos identificar e conseguir ajudar uma pessoa com comportamento e pensamento suicidas, é preciso entender dois tipos de comportamentos muito comuns:

ACTING OUT

São sujeitos com comportamentos neuróticos que se colocam em cena para chamar a atenção do outro, pra fisgar esse olhar sobre si. Muitas vezes como pedido de ajuda, outras como forma de chamar atenção, como punição e até mesmo para validar o valor que ele tem para o Outro. É uma atuação muito direcionada para outra pessoa, mas é importante ressaltar que mesmo assim existe um risco eminente de morte e que as pessoas não podem banalizar esses comportamentos.

PASSAGEM AO ATO

É um quadro diferente do Acting out, pois trata-se de um quadro de psicose, transtorno bipolar, esquizofrenia, onde efetivamente há um corte radical no relacionamento com o outro. Não existe o movimento de entrar em cena, chamar a atenção, ou seja, há uma ruptura total de personalidade e a perspectiva de êxito no ato suicida é real.

A depressão é um transtorno de humor e ocorre quando a angústia é maior que a força de vontade de viver, é desesperadora e na incapacidade de lidar com essa dor, algumas pessoas caminham pelo lado mais radical, que é excluir por completo essa dor.

No entanto, muitas vezes a pessoa que tem vontade de se matar ou tem um pensamento suicida, na verdade ela não quer efetivamente se matar, mas sim acabar com algo que ela não está conseguindo lidar e que é muito maior que a importância de estar viva. Pois está inserida em um contexto emocional, e em um contexto interno de humor, em que vai se degradando e ela não sabe como e onde pedir ajuda, porque acredita que o seu sentimento não é válido.

 

O perfil do suicida tem um padrão genético muito importante no diagnóstico. Pessoas com história de tentativas de suicídio na família, ou por morte por suicídio em familiares de 1º grau, tem até 10x mais chance de morrer dessa forma, e o cuidado e a atenção devem ser redobrados com esses indivíduos.

Existem alguns sinais de pensamento /ideação suicida que podem ser identificados facilmente: Isolamento, Mudança de comportamento, frases depressivas como: “não vale a pena viver”, “seria melhor que eu não estivesse aqui”, falta de presença afetiva, descuido com a própria imagem e com a higiene pessoal e perda de peso devido a falta de apetite.

Na maioria das vezes o suicídio é associado a alguma coisa ruim que aconteceu recentemente, nos últimos 6 meses, por exemplo: a perda do emprego, um estupro, mas na verdade isso acaba funcionando como um gatilho, pois a doença já estava instalada muito antes do acontecimento.

Os sintomas relacionados com os comportamentos suicidas são evolutivos, ou seja evoluem e se agravam com o tempo, e por isso não devemos der medo que isso aconteça novamente em um curto período de tempo. O que precisamos entender é que, os sintomas surgem com uma intensidade leve, evoluem para uma intensidade moderada, até chegar em uma intensidade severa ou grave, culminando em uma tentativa de suicídio. É válido ressaltar que ninguém dorme bem e acorda pensando que não vale mais a pena viver.

O suicídio e as tentativas de suicídio devem ser tratados como problemas de saúde e que precisam ser abordados de forma ética, profissional e terapêutica. É preciso entender que não é problema de caráter, de personalidade, e sim uma questão médica, de saúde pública e que demanda tratamento contínuo.

É importante frisar que a primeira forma de tratamento é falar sobre o suicídio e se informar. O segundo momento é quando se detecta realmente a dor que está acometendo o indivíduo e deixando-o fragilizado e com risco eminente de morte, e vai em busca de ajuda especializada como: psicoterapia, em muitos casos tratamento medicamentoso e a internação.

É sempre difícil falar sobre o suicídio, porém não fazê-lo só aumenta o tabu, dificultando a identificação do paciente potencialmente suicida e o seu encaminhamento para tratamento com um especialista.

Texto escrito por Carol Hahmeyer.

Revisado por Madame Conteúdo.

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