Mãe de gêmeos… múltipla emoção!
12.06.2013
Camila CecÃlia Salles
Mãe do João Pedro e do João Gabriel, de 2 anos e 2 meses
♥ Sempre se viu com duas crianças e vive uma grande história de amor com o marido André
Você tem sonhos? O meu era ser mãe. Mas multimãe! A geração gemelar, até onde eu conheço na famÃlia, é assim: minha avó materna morreu no parto de gêmeos e, infelizmente, os gêmeos não resistiram. Depois, meu tio (irmão da minha mãe) teve gêmeas. E minha prima, que é irmã das gêmeas, teve gêmeas. E depois, euzinha aqui! Ohhhh, sorte!
O engraçado é que, quando me imaginava mãe, me via com duas crianças, sempre. Não me imaginava só com um bebê! Brincava com meu marido que iriam ser gêmeos (de primeira) quando decidimos engravidar, e ele sempre achou tudo isso uma loucura! Dito e feito!
Descobri que estava grávida. E onde está marido em uma hora dessas? Viajando, gravando! O duro foi aguentar a ansiedade de 3 dias até o bendito chegar pra eu poder contar a novidade! Bom, meu marido, é engraçado, dramático, chorão e, o momento em que ele ficou sabendo é algo que NUNCA mais vou esquecer. Escrevi uma cartinha, como se fosse o bebê contando que estava na minha barriga. Pendurei na porta com sapatinhos! Ele chegou, leu, e se atirou no chão, chorando! Pensei que o homem ia ter um treco! rs Mas foi emocionante!
Só que, antes do meu marido voltar de viagem, eu fui ao centro espÃrita com minha mãe e meu padastro para agradecer a vinda do bebê. E, pra minha grande surpresa, foi lá que descobri que eram dois! Quando o dirigente do nosso centro me chamou na sala de passe ele me disse “veio você e mais dois hoje?”. Meus olhos ficam cheios só de contar…
Enfim, contamos a novidade para a famÃlia e fomos para primeira ultra. Acho que é uma das mais emocionantes! Escolhemos o Dr. Kleber Cursino, por indicação do meu médico mesmo, o Dr. Cerqueira! Dr. Kleber ficou calado na hora da ultrassonografia, observando, calmo, com cuidado. Na hora, eu fiquei com tanto medo de não ter bebê mais, que comecei a suar. Meu marido estava super nervoso e minha mãe, que foi junto, ansiosa. Do nada ele fala:”pai, você está nervoso? Então, senta que são dois”. Foi uma música para os meus ouvidos! E dá-lhe churrasco pra comemorar o presente divino!
Gestação boa, João’s crescendo, mamãe ficando fofa, barriguda e uma parte chata nisso tudo… Nas ultrassonografias, já aparecia nitidamente a diferença entre os meus filhos. O João Pedro (gemelar B) não desenvolvia. Com isso, veio todo um transtorno, um sofrimento, mas uma força e uma fé de outro plano! Uma da piores coisas no mundo é ouvir de um médico que tem 10% de chance de levar dois bebês bons pra casa. Hãm? Como assim? Eu quero os meus dois filhos. Estou gestando dois e vou ter os dois! Só sei que só nos preparavam para o pior porque foi diagnosticada a SÃndrome da Transfusão Feto-Fetal (quem quiser saber o que é isso, clique aqui).Â
No dia 26 de dezembro de 2010, com 19 semanas de gestação, eu tive que ser submetida à cirurgia. Não teve jeito! Mas, por eles, eu faria, passaria e sofreria tudo isso mil vezes se fosse necessário. No dia em que foi realizado o procedimento eu estava ótima, cheia de energia boa, cheia de luz, fé e um otimismo fora do comum. Tudo foi demorado, mas minha mãe, meu marido e meu médico, que é um grande amigo, estavam ao meu lado nesse momento tão sofrido. Meu marido não soltou minha mão em nenhum momento (a cada gemida de dor, ele apertava minha mão e parecia dividir a dor comigo). Minha mãe toda hora me dizia coisas bonitas, mas eu via em seu olhar que queria estar no meu lugar e estava sofrendo mais do que eu. O Dr. Cerqueira, com aquele sotaque baiano… “Cá, logo esses moleques estarão correndo pela casa, pelo meu consultório, dando trabalho”. O barulhinho dos corações deles batendo, depois que terminou a cirurgia, foi mágico. Deus foi generoso comigo e me entregou duas vidinhas que vou zelar enquanto respirar. Como não ser grata? Como não acreditar que Deus existe?
Apesar de sentir dores eu estava ótima e, no outro dia de manhã, já tive alta. Fomos ao consultório do Dr. Kleber para fazer a ultra e ver se estava tudo ok com os meninos. Bom, ele não entendeu nada, ficou pensativo, tentando achar explicação. Mas a explicação é FÉ.
Desde então, fiquei de repouso absoluto até a chegada dos João’s. Se me perguntassem o que fazia da vida naquela época, a resposta seria “espero meus filhos nascerem”. E era verdade! Fiquei de molho, usando medicação e fazendo ultrassom semanalmente. O parto já estava marcado para o dia 11 de abril, que era o limite até de espaço para os meninos na barriga. Só que, no dia 8 de abril de 2011, minha pressão subiu e nos deixou de cabelos em pé. Eu fiquei muito inchada! Parecia outra pessoa! O Dr. Cerqueira decidiu me internar até o dia do parto. Mas não teve jeito, os meninos tinham que nascer. Era o dia deles! E nasceram! Como esperado, pequenos e precisando de UTI. Minha mãe e o André me acompanharam em tudo e o papai coruja não desgrudou das crias, já que eu tive uma hemorragia e não podia fazer nada! Parecia até mentira que aquelas duas joinhas tinham saÃdo de mim… que sonho!
Depois de alguns dias na maternidade, eu tive alta sem o João Pedro e o João Gabriel. Foi uma das coisas mais horrÃveis que já senti. É uma sensação de que perdi, que tiraram de mim! Mas… sabe aquela coisa ruim necessária? Tive que focar na saúde dos meninos! Tive que ter forças pra saber separar as coisas. Aquilo tudo era necessário e eu sabia disso a gestação toda! Nos dois primeiros dias eu fiquei na fossa. Depois que essa tristeza passou, me olhei no espelho e voltei a ser a Camila de sempre. Aquela tristeza não era minha, eu tenho vocação pra felicidade. Voltei a me arrumar e ia toda corujona pra UTI. Logo o João Gabriel teve alta e me deixou mais animada. A previsão de alta do João Pedro era de mais ou menos dois meses e meio, pois era muito pequenininho. Mas ele é fortão e ficou 32 dias!
Finamente, a famÃlia completa como eu sempre sonhei: papai, mamãe, gêmeos e cachorro!
Com os dois em casa, parece que tudo ficou mais fácil e prático. Os meninos sempre foram bonzinhos e bem calmos! Claro que choravam juntos de vez em quando, mas alguém tinha que esperar. Não tive dificuldade em administrar minha vida com eles junto com a casa. Parece que eles eram a peça que faltava!
Segui toda uma rotina com horários regrados. E, até hoje, é assim aqui em casa! Nunca deixei de fazer nada das minhas coisas, como cuidar de mim, fazer unha, arrumar o cabelo, depilação. Quando meu marido está viajando, os meninos vão comigo. Tem dias que não dá certo e voltamos pra casa, porque criança é uma caixinha de surpresas. Mas, o importante pra mim foi não ter medo de cuidar, encarar a realidade e sair sozinha com eles! Afinal, eles são meus filhos. Um dos meus desejos era poder eu cuidar de tudo, saber cada detalhe dos João’s, acompanhar tudo e, graças a Deus, está dando certo!
Resumindo… pode parecer clichê, mas ter me tornado mãe foi a melhor escolha que fiz! Parece até mentira o que uma criança pode fazer na vida de um casal. Nós amadurecemos, crescemos, evoluÃmos! Somos amigos acima de tudo, companheiros e procuramos até cozinhar juntos! O João Pedro e o João Gabriel vieram para nos unir, para nos ensinar e para mostrar que não é qualquer coisinha, briguinha, intriguinha que derruba um lar. Eles me ensinam a importância de ter uma famÃlia. O quanto é gostoso chegar em casa e ser recebida com alegria e com gritinhos de MAMÃE. Que um aprendizado deles, é uma vitória para mim. Pois eles são tudo que sonhei… E eu não vivo um sonho, eu vivo uma realidade!
A história da Camila e dos João’s foi registrada em vÃdeo quando eles completaram 1 aninho. Assista (e prepare-se para altas doses de emoção!):
https://www.youtube.com/watch?v=V2bKSlzfCOc