Porque é importante ler para uma criança?
29.08.2019 – Ter o hábito de ler para uma criança ajuda no desenvolvimento emocional saudável, onde ela pode ao mesmo tempo em que tem a atenção e o carinho do adulto, ela fortalece sentimentos como empatia e a capacidade de se colocar no lugar do outro.
E vamos combinar que quando lemos uma história, podemos imaginar os personagens da maneira que bem entendemos e podemos viajar sem sair do lugar.
Carol Braga
Idealizadora e cofundadora do “Conversa de Quintal”, casada com o Rafael, mãe do Miguel. Pedagoga de formação, livreira de coração e mediadora de leitura por opção. Especialista em Educação Infantil, Alfabetização e Leitura.
Leitura para as crianças
Fora tudo aquilo que a gente já sabe (estimular a imaginação, a criatividade, o desenvolvimento da linguagem, ajudar na alfabetização, investir para que ela possa escrever melhor e mais rápido, nomear as cores ou distinguir nomes de animais), antes de mais nada, ler para uma criança é uma grande oportunidade para se criar vínculos e despertar sensibilidades: de escuta, de empatia, de afeto. Ler para uma criança é mais do que apenas “emprestar a nossa voz” ou querer ensinar alguma coisa através dos livros. Ler é despertar encantamentos, é um ato de amor.
Porque falar de sentimentos e emoções com crianças?
Quantas vezes, nós adultos, nos sentimos estranhos, confusos, sem saber muito bem o que se passa? Sabia que as crianças não estão imunes a esses sentimentos e, muitas vezes, não sabem como nos dizer isso? Aquilo que chamamos de “rebeldia”, “birra” ou “manha”, talvez seja um grito de socorro, uma maneira que elas encontram de nos dizer que estão sentindo algo que, nem mesmo elas sabem nomear. Daí a importância de ensinarmos o nome das emoções (e como lidar com elas) para as nossas crianças, assim como ensinamos o nome das letras ou das cores. A literatura pode ser uma grande aliada! E é um mito pensar que precisamos poupar as crianças de emoções mais difíceis ou tristes e ler apenas livros com finais felizes! Nomear e entender o sentimento que se passa com cada emoção é o primeiro passo para se conhecer melhor e trabalhar o desenvolvimento emocional da criança.
Abaixo, 5 dicas de livros para falar sobre EMOÇÕES com as crianças:
1. “Hoje me sinto”, Madalena Moniz, V&R Editoras
Um abecedário de emoções de A a Z. Um livro poético que nos leva a conhecer e refletir sobre 26 sentimentos diferentes. Ao longo do abecedário, acompanhamos o personagem letra a letra e o que ele vai sentindo em apenas uma palavra: Audaz, Baralhado, Curioso, Distante, Espacial, Forte, Genuíno… Paciente, Querido, Revoltado, Sozinho… até chegar no Z. A ilustração ajuda a entender o sentimento, naquele diálogo gostoso entre palavra e imagem.
2. “Olavo”, Odilon Moraes, Jujuba Editora
“Olavo era um menino triste”. Assim começa essa história que, logo na primeira linha, já vem quebrar o estereótipo de que criança tem a obrigação de estar feliz o tempo todo. O protagonista da história é melancólico, passa os dias em casa de cortinas fechadas e nos mostra que crianças – assim como qualquer ser humano – não estão imunes aos sentimentos que todos experimentamos ao longo da vida. E tudo bem não estar imune! Há beleza na melancolia. E aprendizado também! O sentimento do menino muda quando, um dia, um presente inesperado aparece em sua porta e o deixa nas nuvens, de tanta alegria. O próprio Odilon Moraes, autor de “Olavo”, conta que a história “é uma metáfora de como a delicadeza na vida pode entrar por um fiapo de felicidade, e também de como o outro nos coloca em movimento, justamente por ser sempre parte de nós”.
3. “O Monstro das Cores”, Anna Llenas, Editora Aletria
Esse livro apresenta as emoções de um jeito divertido e fácil de ser entendido e organizado pelas crianças. Aqui, um monstro não sabe o que se passa com ele. Fez uma bagunça com suas emoções e agora precisa desembolar tudo. Uma história que estimula as crianças a identificar as diferentes emoções que sentem, como alegria, tristeza, raiva, medo e calma, através de cores.
4. “Menina Amarrotada”, Aline Abreu, Jujuba Editora
Você já se sentiu amarrotada alguma vez!? Se sentir amarrotada é diferente de se sentir triste, brava, com raiva ou qualquer coisa assim. É sentir que os dias são cinzas e que existe um buraco que não se sabe de onde vem. A menina dessa história tinha um pai que viajava sempre. Ela já estava acostumada: ele sempre ia num pé e voltava no outro. Mas um dia ele viajou pra longe. A menina teve vontade de mais um abraço e correu, mas o pai já tinha sumido. Nunca mais o abraçaria? Foi assim, com essa dúvida que se instalou no seu coração que, pela primeira vez, ela amarrotou. Então, numa reviravolta de sentimentos que tomou conta de sua vida, a menina precisou aprender a lidar com a ausência e a transformar a saudade em amor. Se esticou todinha para alcançar suas lembranças e assim, desamarrotou. Sem medo de voltar a amarrotar.
5. “A Raiva”, Blandina Franco e José Carlos Lollo, Editora Pequena Zahar
“No começo era só uma raivinha à toa. Uma coisa boba, que nem tinha razão de ser, mas que, mesmo assim, era.” Todo mundo já sentiu raiva em algum momento da vida. Ela pode surgir das coisas mais simples, como de um olhar de alguém meio de lado, um sorriso diferente, uma palavra torta… Até que tudo passa a alimentar essa raiva e logo ela se torna uma fúria! Esse livro conta, com muito bom humor e belíssimas ilustrações, como um sentimento pode crescer e tomar conta de cada um. Uma história de autoconhecimento para crianças e adultos.
Texto escrito por Carol Braga.
Revisado por Madame Conteúdo.