Drogas na adolescência: meu filho entrou
27.10.2015 – Mamães, venho compartilhar com vocês a minha experiência, e espero que de alguma forma tenha valia para cada uma de vocês que se dispuserem a conhecer a nossa história.
Gostei da descrição do site “Somos um grupo de mães que respeitam acima de tudo a diversidade materna. Juntas, queremos encontrar respostas, aconchego e diversos benefícios para quem faz parte desta comunidade” – Espero que, o que tenho a compartilhar, traga-lhes benefícios, de uma forma que possam futuramente manter seus bebês (porque eles sempre serão nossos bebês), protegidos de um mal, que atinge a todos nós.
Drogas na adolescência: meu filho entrou
Sou mãe de dois meninos, ótimos filhos, um de 18 anos e outro de 15 anos, sempre achei que o período mais difícil da criação deles, já havia passado como andar, desmamar, desfraldar, escolher a melhor escola, o que comer (sou de uma família com tendência a obesidade), passar a noites em claro, com gripe, febre, dor de garganta… A maternidade chegou para mim, muito jovem, aos 16 anos, decidi então ser mãe e optei por não estudar mais para cuidar de casa, marido e filhos.
“Quando eles tinham 9 e 12 anos me separei do pai deles”
Eles foram crescendo e quando eles tinham 9 e 12 anos me separei do pai deles, ali comecei a trabalhar para poder criá-los, já que não tinha a ajuda do pai como antes. Nesse momento, mais do que nunca, nos unimos e nos tornamos amigos, a ponto de partilharmos tudo, todos os nossos temores, dores e alegrias.
Em 2014, decidi começar a estudar, já havia passado a fase mais “difícil” da criação deles (estavam com 17 e 14), então eu já estava mais desprendida, poderia deixá-los sozinhos, pois ter uma graduação era uma satisfação pessoal, então comecei e eles acabaram ficando mais tempo sozinhos…
Eles sempre foram muito independentes e amorosos, dormiam na casa de meus pais toda semana, faziam questão de ver a vovózinha, eram os adolescentes muito admiráveis…
“Primeiro ele começou se afastar da casa da avó, ficava mais tempo em nossa casa sozinho, depois começou a ficar arredio”
Mas nem tudo continuou assim, e agora vou me atentar ao meu filho de 18 anos: desde agosto de 2014, ele começou a mudar… Essa mudança ocorreu de forma gradativa, aos poucos, primeiro ele começou se afastar da casa da avó, ficava mais tempo em nossa casa sozinho, depois começou a ficar arredio, ele sempre me ouviu, dialogávamos bem, e passamos a não conseguir mais estabelecer um diálogo, ele sempre se exaltava, quando contrariado; reuniões de família, ele já não se fazia mais presente, e cada dia que passava, ele estava mais fechado e distante.Começaram as brigas constantes com o irmão, o que fez com que meu filho mais novo decidisse ir morar com o pai, porque já não suportava mais as brigas constantes com o mais velho… Esse foi o primeiro grande impacto que sofri nos últimos meses.
Com o tempo, ele começou a trancar o quarto dele, impedindo até de limpá-lo. Em casa nunca houve essa privacidade, do tipo espaço meu e espaço deles, era tudo nosso, e ele delimitou que ali era dele.
“Então descobri que ele estava fumando MACONHA”
Então descobri que ele estava fumando MACONHA, para muitos o uso é algo normal, uns falam que por conta da cultura ela é marginalizada, mas o uso do THC (maconha)modificou o meu filho. Conversamos e começamos a lutar para que ele parasse com o consumo.
Coloquei-o na academia e foi bom: estava mais presente, já não saía com os amigos no fim de semana mas, após 1 mês, houve a primeira recaída, então conversamos e começamos tudo de novo.
Era uma segunda-feira, eu decidi não ir para faculdade, quando cheguei emcasa ele estava em frente a TV, me olhou assustado, como se não esperasse que eu chegasse, sentei-me no braço do sofá, olhei nos olhos dele e disse: – Fracassamos de novo?!
“Olhei nos olhos dele e disse: – Fracassamos de novo?!”
Já estava insustentável aquela situação em nossa casa, brigas constantes e propus mais uma vez a internação – em uma outra ocasião, eu já havia proposto e ele disse com veemência que não, e perguntou se eu estava “louca” – dessa vez ele disse que sim e essa foi a decisão mais difícil que tomei. Quando chegamos naquela clínica, conversamos com o responsável que nos passou as regras. Enquantomeu filho assinava aquele papel da internação, eu queria que ele dissesse: leve-me embora mamãe… Mas ele me abraçou, e enquanto eu chorava ele dizia:
“Vá embora mamãe, fique bem, que eu sairei daqui o homem que você espera que eu seja, que meu irmão precisa ter como exemplo e que eu devo ser.”
“E minha vontade era voltar, trazê-lo de volta e colocá-lo dentro do meu útero”
Saí de lá chorando copiosamente (é assim como escrevo esse texto agora)… E minha vontade era voltar, trazê-lo de volta e colocá-lo dentro do meu útero. Senti-me a pior mãe do mundo, como podia deixar meu filho internado? Eu estava o abandonando, falhei como mãe, errei e me desfazia de um problema…
Veio a primeira visita, fui vê-lo e permanecemos abraçados, durante o culto (lá tem cultos diários), ele me abraçava, beijava, atitudes, que meu filho não tinha a muito tempo… Perguntou do meu pai, do meu irmão, enfim da família, coisa que ele também não queria saber a muito tempo. Disse que estava reencontrando Deus naquele lugar, e que Deus o havia levado para lá, para que ele visse que Deus não havia desistido dele.
Na segunda visita, levei o irmão dele. Eles se abraçaram, jogaram bola, tiramos fotos… No fim da tarde, chegaram minha mãe e meu irmão e quando estávamos indo embora ele disse:
“Sinto-me envergonhado, por ter abandonado minha família, ter esquecido de vocês e hoje vocês estão aqui, como se eu nunca tivesse saído de perto. Obrigado por estarem aqui e me perdoem por tudo o que fiz.”
“Agradeço a Deus por estar trazendo o meu filho de volta, assim como antes.”
Agradeço a Deus por ter me dado esperança e por ter me ajudado a acreditar que tudo voltaria a ser como antes e, principalmente, por ter me direcionado a um lugar de esperança. Agradeço por ver meu filho com sentimentos, coisa que ele não tinha e nem demonstrava mais ter, agradeço a Deus por estar trazendo o meu filho de volta, assim como antes.
Mães, a droga não brinca e, se descuidarmos, ela toma conta dos nossos filhos e não escolhe classe social, etnia e idade. Sem notarem eles perdem o sentido de importância, valores, sentimento de afeto, amor e carinho e começam a mentir para manterem o vício. A pessoa escolhe conhecer a droga, mas depois ela não escolhe permanecer. Ela passa a ser “DEPENDENTE” e, continuar usando, já não é mais uma simples decisão.
“Ele disse que já estava achando a MACONHA fraca e que estava dependente”
Ele disse que já estava achando a MACONHA fraca e que estava dependente, ou seja, já não havia um dia que ele conseguisse ficar sem consumir. O próximo passo?! Não sei! Mas certamente esse é o começo do uso de drogas piores.
Atentem-se aos sinais, não permitam que seus filhos se percam e, quando o diálogo não for o bastante, o amor é o melhor remédio.
“Quando o diálogo não for o bastante, o amor é o melhor remédio.”
*A mãe que escreveu essa história preferiu que as identidades fossem preservadas, pois continuam se esforçando para que ele permaneça longe das drogas.
Drogas na adolescência: meu filho entrou