Como estou ensinando meu filho a dormir sozinho

17.12.2019 – Acredito ser incontável a quantidade de desafios que existem na nossa vida como pai e mãe e, quando passo a estudar a maternidade, me enfiando em rodas, palestras, seminários, lives e canais que amo seguir, percebo a cada dia que sim, é preciso estudar para ser pai e mãe! E essa busca por conhecimento eu afirmo que é super transformadora.

Somando 8 anos de aprendizado com a Rede Mães Amigas, aos mais de 500 eventos que realizamos, absorvendo conteúdos como o desenvolvimento neurológico da criança, as metodologias de educação, as fases psíquicas do ser humano, disciplina positiva dentre milhares de outros assuntos percebo o quanto absorver um pouquinho de cada profissional me torna uma mulher mais experiente. Talvez não somente na criação dos meus filhos, mas, como mulher, esposa, empreendedora e em diversos outros papéis que tenho a capacidade de executar!

A psicanalista Renata Mesquita tem despertado em mim diversos cutucões, como por exemplo, a importância de dizer “não†e estar atenta às fases de crescimento dos pequenos! No último ano, em alguns momentos, senti meu filho mais velho (Miguel – 9 anos) um pouco inseguro, manhoso e desacreditando na sua capacidade de conseguir executar algo. Isso estava me deixando preocupada.

Por indicação da minha irmã, procurei a psicanálise. O processo é lento e intenso. As sessões são semanais e desafiadoras. Exige paciência e comprometimento. Estamos lidando com o autoconhecimento, não somente do nosso filho, mas de nós como pais e casal. Existem redescobertas e conexões que passam a fazer sentido e, nesse processo, é que vem o nosso crescimento.

Hoje vou compartilhar uma das reflexões terapêuticas com vocês.

Meninos na cama

Meu filho não dorme na cama dele!

Verbalizei em uma das sessões que não aguentava mais os meus filhos acordarem de madrugada e migrarem para minha cama. Meu sono era interrompido e meu corpo amanhecia torto e cansado. Me dei conta que desde que me tornei mãe, ou seja, há 9 anos, a rotina de dormir insiste em deitar com meus filhos na minha cama, assistir um pouco de TV ou realizar uma leitura, fazer uma oração e ploft! Boa noite! Eles dormem. Ou, todos dormem!

Quando eu consigo driblar o sono, levanto, pego eles no colo e os levo para suas camas. O mesmo faz meu marido. E esse processo se repete por anos e anos e anos…Miguel (9) e Murilo (5).

Nas sessões de terapia eu me dei conta que meus filhos não aprenderam o que é dormir no quarto deles, uma vez que a vida inteira dormiram no meu quarto. Quando eu os colocava na cama deles e, por alguma razão eles acordavam na madrugava, não identificavam que aquele quarto era o deles, ficavam inseguros e, sem pensarem muito, migrava para minha cama. Onde efetivamente eles deveriam dormir? Qual é a cama e o motivo do quarto deles? E meu canto com meu marido, como fica? Cadê as minhas horas de casal, alem do ser pai e mãe? Não tem! A intimidade fica em outro momento, quando é possível, com o receio de sempre aparecer alguém no nosso canto.

Renata Mesquita me deu um exemplo que caiu como uma luva: “Se o seu filho, nessa fase, pedir cerveja qual será sua resposta? Você titubeará para dizer “não podeâ€? Reflita sobre a forma como você falaria e explicaria que não! É uma resposta decisiva certo? Não é Não, ponto! Fim de papo!

Percebi que cabe a nós aceitar primeiramente que nossos filhos cresceram e, com o chegar de cada fase, existe a grande importância de impor os limites. As proibições são necessárias para que nossos filhos cresçam e tornem-se adultos seguros e dependentes no futuro. Isso é fato e tem despertado em mim muitos motivos que fazem sentido a cada sessão que frequento.

Quando assistimos filmes americanos facilmente podemos notar o comportamento dos pais nessa faixa etária. Eles colocam os filhos para dormir no quarto deles, desejam boa noite, fecham a porta e fim.

É gostosinho pra caramba esses momentos com nossos filhos, claro, sempre defendi a cama compartilhada (e fiz muito!), mas cheguei em um estágio que cansei! Eu não quero mais eles acordando e migrando para minha cama. Sim eu já levei eles de volta, mas eles retornam e, com o tempo, fui deixando por preguiça e cansaço. Eu durmo mal, eles também e marido idem. Quero entrar em uma nova etapa, quero que eles durmam na cama deles a noite inteira, quero dormir na minha cama com meu marido sem nenhum dos dois levantar e migrar para o sofá, quero que meus filhos compreendam que é legal pra dedéu ter um quarto só para si.

E para isso acontecer, faz parte do meu papel de mãe aceitar que, neurologicamente e psiquicamente, meus filhos precisam crescer. Faz parte do processo compreender que eles não são mais os meus bebezinhos e, para serem os adultos que eu sonho no futuro, eles precisam do meu direcionamento! E esse é o primeiro passo.

Então eu pergunto, como fazer isso?

Não sei exatamente se tem uma receita de bolo, mas listarei o que tenho em mente, convidar a minha psicanalista a dar uma palavra de especialista e, se fizer sentido pra você, vamos juntas!

  • Tenha em mente que o processo só irá começar quando você aceitar que chegou a hora. Sua e não deles. Ter confiança que você deseja que seu filho durma na cama dele é com certeza o primeiro passo.
  • Tenha uma conversa em família reforçando que percebe que seu filho cresceu e agora ele passará a dormir na cama dele e isso, é muito legal.
  • Crie rotinas para o processo do sono. Lembra da fase de bebê? Então, criança precisa de rotina e, seja ela qual for, é importante ter firmeza para que ela aconteça e, assim, vicie positivamente.
  • As crianças possuem picos de sono e, se colocadas no horário certo, elas dormirão mais rapidamente. Quando ultrapassado esse pico, as crianças podem ficar chatas, manhosas, felizes demais ou mau-humoradas e então, demorarem muito mais para dormir.
  • Evite deitar na cama com elas ou entregar sua mão, cabelo ou qualquer parte do corpo para induzi-la ao sono. Ela pode ficar dependente e isso ser desafiador para o futuro. Objetos de transição podem ser positivos como daninhas e bichinhos de pelúcia. Ficar no quarto, sentadinho até eles dormirem é extremamente recomendado.
  • Evite TV, eletrônicos e agito pelo menos 30min antes de iniciar o processo de sono.
  • Tenha muita paciência e inicie o processo em um momento que você esteja bem, com tempo e firmeza para realizar essa reeducação do sono.
  • Vamos juntas, boa sorte! No stories @maesamigas tenho mostrado bastante desse processo!

Palavra do Especialista

“O melhor presente que podemos dar à nossos filhos, é ensiná-los à dormir sozinhos. Por mais surpreendente que pareça, nós não nascemos sabendo dormir bem. É evidente que naturalmente todo bebê dorme, mas eles não sabem adormecer com tranquilidade e segurança se não os ensinarmos.

É também tarefa dos pais encorajar e fortalecer os filhos diante desse desassossego que é a hora do soninho, desde bebês. Encaminhá-los para o momento de dormir por seus próprios meios, onde a criança irá aprender a conciliar o sono por si só, sem a ajuda de ninguém, é imprescindível para se ter um criança mais forte e segura de si futuramente.

Esse encaminhar consiste em criar bons hábitos na hora do sono, diariamente. Sabe-se que a insônia infantil é em 98% dos casos, originada de maus hábitos do sono, somente 2% tem causa psicológica. E assim como qualquer outro hábito, dormir bem sozinho, deve ser ensinado aos filhos o mais precocemente possível para evitar um desencadeamento de sintomas e sofrimento futuro.

Cerca de 35% das crianças com menos de 5 anos sofrem de insônia, seja por lutarem contra o sono na hora de dormir, ou por acordarem diversas vezes numa noite. A criança que não aprende a pegar no sono sozinha, e dormir a noite toda sem interrupções, pode também começar a desencadear insegurança, irritabilidade, dificuldade de relacionamento e mau rendimento escolar.”

Renata Ataide Mesquita, Psicanalista Infantil  – Atende em Campinas/SP. Tel.: (19) 3304-5156

 

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Polyana Pinheiro

Escrito por: Polyana Pinheiro

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