“Depois desse acidente, o pai do meu filho não quis mais levá-lo a parquinhos”

16.04.2018 – No dia 4 de março deste ano, foi inaugurado o primeiro parquinho inclusivo de Campinas. A luta por um espaço público de lazer para crianças com deficiência de mobilidade e aprendizagem no município começou há 3 anos, com a reivindicação das mães do projeto LIA (Lazer, Inclusão e Acessibilidade).

Uma semana após a conquista do playground adaptado, entretanto, um acidente envolvendo uma criança com deficiência física foi registrado no local.

A assistente de recursos humanos Lígia Denitti conta que o Rafael, seu filho cadeirante de 10 anos, estava com a avó e o pai no parquinho inclusivo e era o único deficiente físico entre os pequenos que brincavam no gira-gira adaptado.

Foi quando uma criança impulsionou fortemente a instalação de entretenimento, fazendo com que a cadeira de rodas do Rafael virasse e ele caísse do brinquedo.

“O gira-gira começou a rodar muito forte e o Rafael caiu com a cara no chão. A avó e o pai dele o levaram para o hospital, onde um raio-X constatou que estava tudo bem, mas o susto foi muito grande”, relata a mãe da criança, que não estava no local no momento do acidente.

Lígia conta, ainda, que embora a queda não tenha ocasionado mais do que hematomas no rosto de seu filho, o episódio foi decepcionante.

“A minha mãe estava muito ansiosa para levá-lo ao parquinho inclusivo, pois as opções de lazer para o Rafa e todas as crianças com deficiência são muito restritas em Campinas. Agora, ela chora só de contar a história e o pai dele não quer que ele volte a brincar lá”, explica.

 

Rafael teve hematomas no rosto após acidente em parquinho inclusivo

 

Questionada sobre qual a maneira mais eficiente de evitar que acidentes como o que aconteceu com o Rafael se repitam, a mãe do garoto diz acreditar que os responsáveis pelas crianças devem ensiná-las sobre o comportamento adequado a se ter perto de crianças com deficiência.

“Os pais da criança sem deficiência precisam ensiná-la desde cedo a ter respeito e cuidado perto de algumas pessoas, em alguns lugares”, explica.

Uma das representantes do Projeto LIA (Lazer, Inclusão e Acessibilidade) em Campinas e mãe do Gabriel, que é cadeirante, Marina Barone Dantas frisa a fala de Lígia. Ela acrescenta, ainda, que os cuidados nos momentos de lazer devem partir também dos pais da criança com deficiência.

“Ensinar os filhos a respeitarem as outras crianças é fundamental tanto em parquinhos inclusivos, quanto em playgrounds tradicionais. Nos espaços adaptados, entretanto, os pais da criança com deficiência precisam se lembrar que as adaptações não anulam o risco de acidentes”, explica.

Depredação

Nas redes sociais, a fotógrafa Vivian Lima compartilhou fotos que registram que alguns brinquedos do parquinho inclusivo já sofreram depredação. A publicação feita mostra a ausência do assento de um balanço e os cintos do gira-gira quebrados.

“Vim fazer fotos na Pedreira do Chapadão hoje e encontrei os brinquedos assim. Para mim, está faltando um balanço e os cintos de outros brinquedos estão danificados. É isso mesmo?”, escreveu.

 

Fotos: Vivian Lima

 

De acordo com a Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida de Campinas, o assento adaptado não está sendo deixado no balanço porque ele é removível. Sendo assim, há o receio de que o utilitário seja roubado.

A previsão é de que o balanço volte a ficar disponível para o uso das crianças com deficiência após o soldamento da peça ao brinquedo.

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