Universo Polyana: Culpa Materna
26.03.2017 – Já passam das 21h30 de um domingo. Eu queria estar na cama, de banho tomado, relaxando e me preparando para o inÃcio de uma nova semana. Mas não estou. Os meninos acabaram de dormir, depois de uma crise terrÃvel de choro, stress e cansaço e enquanto escuto um mantra, que coloquei para acalmar os ânimos, reflito, sinto culpa e choro! Um choro sem sentindo, sem porquê, sem motivo. Mas um choro que vem da alma enquanto a música penetra na minha mente.
Na tela do mantra que escuto, agora pela terceira vez, aparece uma mensagem que percebo pela primeira. É de Chico Xavier e diz “Procure descobrir o seu caminho na vida. Ninguém é responsável por nosso destino, a não ser nós mesmos†e faz todo sentido, nesse momento!
Tive um final de semana cansativo. Acabei de discutir com minhas irmãs e trouxe para casa toda minha angústia, minha fúria, minha tristeza. Fiz almoço, dei almoço, comi o almoço. A louça ficou para depois. A chuva cai lá fora e o tempo frio de um domingo pede um cochilinho gostoso debaixo de um cobertor. Mas sou mãe e realizar isso hoje em dia não é tão fácil como imagina-se. O mesmo foi interrompido por diversas vezes, diversos mães, diversos vem cá, diversos pega isso pra mim. Confesso, me stressei, acumulando todo sentimento que já habitava em mim. Preciso fechar os olhos por alguns minutos. Resolvi, literalmente, me trancar no quarto! Por lá fiquei e adormeci.
Acordei minutos mais tarde com a casa do mesmo jeito que estava, com a famÃlia toda presente, assistindo televisão. Meio zumbizando lembrei que precisava lavar roupa, guardar as que já estavam no varal e dar espaço para as novas. Na cozinha os meninos abriam e fechavam a geladeira. Hora do lanche e hora de passar roupa, uniforme, camisas. Horas depois vem o chororô dos pequenos, provocações habituais de quem tem irmãos e o cansaço do final do dia deles.
Resolvo dar um banho para relaxar. Banho que um não queria mas depois do outro entrar, o outro também queria. Acontece isso por aÃ? Volto a dobrar calcinhas, cuecas e meias. Enquanto um me chama o outro chora. Ele que queria tomar banho. Tiro o mais velho do banho, e marido assume a função com o mais novo. Eles estão visivelmente cansados. E nós também estamos! Começa a discussão para colocar o pijama, escovar os dentes e a série do “você me odeia†e “você não gosta mais de mim”. Eu apelo, e resolvo deixar Miguel falando sozinho.
Argumento de igual para igual, mas na verdade temos 30 anos de diferença. Eu nem ligo. Continuo a guardar a roupa, que já está passada sob a bancada. Miguel parece perceber, em um determinado momento, uma compreensão nos meus argumentos e me chama. Eu digo que não quero conversar por hora! O mais novo não para de chorar ao fundo, quer ficar mais tempo no banho. E chora incansavelmente. Marido precisa levar sua filha pra casa, e sai. Ambos continuam chorando. Eu respiro até 1.001 e tento não sair de mim! Miguel quer conversar, diz que me ama e para sempre quer ficar comigo, até quando ele tiver 7 anos (ele tem 6 rs). Eu respiro e choro por dentro. Murilo, o mais novo, continua a chorar incansavelmente, como um brinquedo de pilha Duracell. Eu fecho os olhos, não quero mais argumentar e nem brigar, e sei que quem precisa recompor o cenário sou eu. Meus filhos estão apenas cansados e estão sendo afetados pela minha energia. Eu fecho os olhos.
Abraço Miguel e digo que o amo. Ele quer deitar comigo. Murilo continua a chorar e me pego imaginando o que meus vizinhos pensam de mim. Pego meu celular e busco por um mantra de relaxamento. Deito na cama com Miguel e deixo Murilo chorar, que está podre de sono, mas não quer aceitar um não e continua a dizer que quer tomar “mais” banho. Ele só fala isso, “banhoâ€.
A música começa, Miguel me abraça e segundos depois ele levanta as duas mãos para cima. Me pergunta se podemos captar a energia do céu e leva-la para a nossa cabeça, como fizemos da outra vez. Eu percebo que preciso disso mesmo, e inicio o processo.
Murilo, que ainda não parou de chorar e de pedir banho, aparece pelado no quarto, ao lado da minha cama, mesmo eu já tendo colocado seu pijama minutos atrás. Ele chora. Pego ele no colo, foco na positividade, e peço para ele parar de chorar, é hora de conversar. Ele para. Faço um combinado de que ele vai entrar no banho, eu vou contar até 10, e ele vai sair. Ele concorda com um sim. Coloco ele no chuveiro, conto até 10 e fecho o chuveiro. Ele sai conforme combinado, sem chorar e veste seu pijama bonitinho. Sim, bem simples e fácil assim. Nem parece o mesmo menino de 2 anos, há 30 minutos atrás. Ele queria que fosse no tempo dele, assim como quando ele nasceu. Prematuros….!
Miguel diz que pausou a música e que vai colocar do começo quando eu deitar novamente com ele. Todos deitamos na cama. A música recomeça e aquela melodia vai penetrando na nossa cabeça. Eu ouço os soluços do Murilo, que quietinho, começa a se aninhar em mim. Miguel está grudado entre meus braços e diz mais uma vez que me ama. Levantamos todos as mãos para o céu, enquanto a música toca. Eu conduzo minha pequena meditação e faço uma oração em voz alta. Eles dormem em menos de 5 minutos e eu continuo a ouvir, repetitivamente, o mantra maravilhoso que encontrei no Youtube.
Eu choro.
Eu oro.
Eu agradeço.
Eu me culpo.
Eu peço proteção.
Eu peço paz.
Eu me pergunto porquê.
Eu choro.
Estou deitada, cansada e aquela música vai penetrando em mim com palavras que começam a formar um texto na minha cabeça. É sempre assim quando vem uma luz me pedindo para compartilhar algo na minha coluna, Universo Polyana.
Eu fecho os olhos e deixo ela me levar enquanto as lágrimas continuam a escorrer. Sinto que minha energia está sendo reativada e minha casa está sendo limpa. Não sei explicar, mas tenho a certeza que todo aquele sentimento de angústia, de raiva, de desequilÃbrio, afetou toda minha famÃlia, sem eu perceber.
E isso acontece todos os dias, em qualquer lugar, com qualquer famÃlia. E penso que somos nós, as mulheres pilares da famÃlia, responsáveis por resgatar esse tal equilÃbrio.
Respiro de novo e compartilho o motivo real de escrever esse texto.
Não deixe que o cansaço do seu dia a dia interfira no bem estar dos seus filhos, da sua famÃlia, da sua rotina. Exercite encontrar uma pausa no momento da loucura! Respire, encontre uma música, dê um berro pela janela, entre no chuveiro para receber água corrente, tome um chá. Sou totalmente contra bater, dar palmadas e a levantar a mão para qualquer criança. Sou muito mais a favor do equilÃbrio, da conversa e do entendimento! Talvez os “errados” da história somos sempre nós, os adultos. Os pequeninos apenas refletem naquilo que somos, que estamos e que vivemos.
Dias difÃceis existirão sempre. Sentimento de culpa por ter feito ou falado algo também. Mas cabe sempre a nós reencontrarmos equilÃbrio.
Mãe feliz, filho feliz!