Ser avó é recomeçar!
26.07.2013
Rosana Occiuzzi Pinheiro Lima
Mãe da Polyana, da Michelle e da Gabriela e avó do Hector (3 anos) e do Miguel (2 anos)
♥ Ser avó é um recomeço, é se reinventar e reviver…
Nossa senha secreta era… “os cinco mafagáfos”!
Tudo começou quando eu tinha 15 anos e o Marco 18, entre namoro e noivado foram 6 anos e depois o casamento. Éramos jovens ainda, eu com 22 anos e o Marco com 24, quando nós tivemos a primeira filha, a Polyana. Depois de dois anos e meio veio a Michelle e, para completar o nosso trio, a Gabriela três anos depois.
A nossa vida familiar sempre foi cercada de muito carinho, a casa era sempre cheia de amigos das meninas na época da adolescência, era o ponto de encontro da meninada, tudo acontecia lá, vivíamos em festa.
Os anos foram passando, elas começaram a namorar mais sério até saírem de casa para morar com seus respectivos, o que foi um conflito porque haja coração de pais para digerir tudo isso e encarar que era tudo normal… até que Michelle, a primeira filha se casou.
Alguns meses se passaram, até que a vida nos fez passar por uma enorme provação, pois ela nem sempre é aquilo que gostaríamos que fosse, pode mudar a partir de um telefonema, a partir de uma notícia e aí uma dor tão grande se instala e de tal forma que nunca imaginei existir. De repente, o amanhã pode ficar tão incerto, a esperança tão distante e um vazio toma conta do seu ser de um jeito que nada mais faz sentido na vida. Em um instante o mundo acaba, um buraco se abre e a única vontade é ficar dentro dele isolada do mundo.
Em 2007, o homem que amei a vida toda foi embora, sofreu um acidente de carro e faleceu… nunca mais o verei nesta vida, nunca mais vou acordar de manhã e ouvir “Xuquinha, que bom que você acordou” e abrir os braços pra me receber com seu sorriso, nunca mais iremos ao cinema, ou fazer varejão, caminhar juntos, ler o jornal na mesa do café da manhã, dar risadas, dormir de conchinha… Não ouvirei mais os risos das meninas brincando com o ele ou pedindo conselhos… Não escutaremos os seus valores sobre a vida, não seremos mais à mesa os cinco mafagáfos.
Meu Deus, depois de 34 anos de convivência, como vou sobreviver sem nossos momentos, sem os seus carinhos, sem os seus conselhos, sem o seu amor. Como continuar a vida, seguir adiante depois de ter passado um tsunami em minha vida. Como se reerguer, como superar… é como se alguém apertasse o “pause” de sua vida e não voltasse a dar o “play”… e você fica lá, parada, estagnada e sem ação.
Meu mundo caiu! Mas Deus colocou em minha vida as minhas filhas, meus anjos protetores que não mediram esforços, mesmo cheias de dor elas me ampararam, me deram carinho, me deram apoio, ficaram comigo… assim, grudadas. Dormimos nós quatro juntas na mesma cama durante muito tempo, não queríamos nos separar, queríamos dividir a nossa dor, dar as mãos e ficarmos juntas, unidas, rezando, chorando, lembrando… O tempo foi passando, a vida continuou, a Gabriela se formou na faculdade, foi um orgulho imenso. A Polyana marcou o casamento. A Michelle ficou grávida.
Meu Senhor… eu ia ser AVOÓÓ!!!!! Que maravilha!!! Um novo membro na família. Quando o Hector nasceu, que alegria, era o meu principezinho lindo e, quando ele nasceu, mais um motivo de comemoração: a Polyana, já casada, descobriu que estava grávida! Depois de 8 meses, nasceu o Miguel, meu príncipe moreno lindo, mais um homenzinho, depois de tantas mulheres!
Eu renasci, enxergava as flores novamente, o sol voltou a brilhar e eu já conseguia ver o mundo com outros olhos. O nascimento deles foi uma luz imensa irradiando esperança, alegria e vida.
Chegou a hora da Gabriela subir ao altar e ver que a terceira filha também estava formando sua família, e que aquelas três menininhas que eu colocava lacinhos nos cabelos já eram responsáveis, amorosas e seguras de si. Era um sentimento de realização, de continuidade e de missão cumprida.
Senti, em muuuitos momentos, tristeza pela falta do Marco, principalmente no nascimento dos netinhos, pois ele seria um avô e tanto, adorava crianças e queria muito que chegasse esse momento, mas Deus traçou outro caminho e agora ele vê e protege os netos de outra dimensão.
Ajudei as meninas logo que os bebes nasceram, me derretia quando ia trocar meus netinhos, dar banho, fazer dormir… cantava as canções de ninar que ensinei para elas, enfim… estava nas nuvens de felicidade.
O Hector, com aproximadamente dois anos, em vários momentos enxergou o avô, fazia comentários dizendo que ele estava ali presente, nos emocionávamos em saber que o avó, de alguma forma, interagia com o seu netinho – e tenho certeza que realmente isso acontecia.
Agora, o Hector está com 3 anos e 4 meses, e o Miguel com 2 anos e 8 meses, eu digo para vocês que ser avó é querer fazer todas as vontades sem se preocupar com as consequências, é ficar olhando para os netos por longos minutos e se pegar com aquele sorriso abobado, é procurar semelhanças com as meninas ou alguém da família, é fazer compras e querer presentear a todo momento… Sim, é querer oferecer somente coisas gostosas para eles comerem. É não querer dar broncas, apenas vibrar com cada evolução ou comentário engraçadinho deles e ficar encantada só de ouvi-los dizer… “Vovó, brinca comigo… Vovó, vem ver… Vovó, faz uma cabaninha?”… É se encher de orgulho quando os dois brincam juntos e ver que ficam felizes quando se encontram.
Ser avó é um recomeço, é se reinventar e só peço a Deus que a minha vida seja longa pra poder curti-los muito ainda.
Enfim, hoje a minha casa tem alegria e tem vida graças a chegada dessas duas ” figurinhas” que amo tanto e que não saberia mais como seria a minha vida sem eles.
Quanto ao Marco, ele sempre viverá em nossos corações, será eternamente amado e estará sempre presente nos protegendo e vivendo conosco todos os momentos. Contarei aos meus netos histórias sobre o avô, os seus valores e em que ele acreditava e sonhava.
Desejo a todas as avós que, neste dia especial, vocês tenham momentos incríveis com seus netos, que abram mão de seus afazeres e curtam cada dia pois ele é único e o que fica na verdade são as boas recordações!