Segurança de crianças e jovens na internet
28.01.2014 – Semana passada estivemos em um evento promovido pela AVG, debatendo a segurança de crianças e jovens na internet durante o lançamento do primeiro eBook brasileiro com conteúdo voltado para a proteção de crianças e jovens na internet. Logo no início, uma frase chamou a minha atenção:
“Quem aqui fecha a porta digital de casa??”
A gente orienta nossos filhos a não falarem com estranhos na rua, a não abrirem a porta para estranhos, mas orientamos para não falarem com estranhos na internet ou para não abrirem as portas do mundo virtual? Até que ponto os pais realmente orientam e supervisionam o que as crianças e jovens fazem na internet?
Crianças de 6 a 9 anos na rede…
Durante o evento, foram divulgados, em primeira mão (e repassamos isso a vocês!) dados de uma pesquisa que será oficialmente divulgada esta semana.
*A pesquisa foi feita em todas as regiões do Brasil, com amostra de 400 mães respondendo sobre seus filhos; pessoas com pelo menos um dispositivo de acesso à internet, seja smartphone, tablet ou computador.
Eu, como mãe, fiquei alarmada:
– 97% das crianças de 6 a 9 anos usam a internet no Brasil:
– 62% participam do mundo virtual com “Club Penguim”, “Webkinz” etc.
– 54% estão no Facebook! (apesar de “oficialmente” a idade mínima permitida ser 13 anos…)
– 15% se comunicam via mensagens instantâneas
– 21% usam e-mail
E o tempo que elas ficam na internet semanalmente??
– 17% menos de 2 horas
– 40% entre 2 e 5 horas
– 27% entre 5 e 10 horas
– 16% mais de 10 horas
Gente, desculpa, tem alguma coisa muito errada! É muito tempo!
E as crianças de 3 a 5 anos?
– 76% sabem ligar/desligar um computador/tablet
– 73% usam joguinhos eletrônicos
– 42% sabem abrir um navegador de internet
– 42% sabem fazem uma ligação a partir de um smartphone
Interessante, nossas crianças realmente aprendem rápido e a tecnologia faz parte da vida delas. Porém, veja que contraste:
– Apenas 43% sabem escrever o próprio nome
– 31% sabem seu endereço de casa
– 15% sabem nadar
– 14% sabem o que fazer em caso de emergência
No mínimo, acho que devemos refletir sobre o assunto. Parece que o computador passou a substituir a televisão de anos atrás, quando muito se discutia sobre deixar uma criança assistindo desenho por horas a fio. Será tecnologia demais? Será que estamos deixando de lado outros aspectos importantes da vida e da educação?
Depois de ver tudo isso, parei… respirei fundo… e comecei a pensar que tudo está mudando muito rápido e, provavelmente, a maioria dos pais/mães/responsáveis não está acompanhando, não sabe, não tem tempo, não se importa, fica feliz de ter algumas horas de descanso enquanto a criança fica na rede, fica orgulhoso de ver o desenvolvimento cognitivo do filho com a tecnologia e estimula isso (realmente, a gente se surpreende, mas não deveria se iludir) e, finalmente, não percebe a gravidade do assunto quando se fala em SEGURANÇA.
Segurança de crianças e jovens na internet
Já parou pra pensar com quem seu filho fala tanto na internet e o que ele vê? Quantas pessoas ele “conhece” por dia? Quanta informação ele divulga sobre si mesmo? Quanta foto ele posta sobre si mesmo nas redes sociais? E o quanto você faz isso, o quanto você expõe a vida dele e as consequências disso no futuro? (futuro este que chega logo, a gente sabe que o tempo voa!).
“Divulgação hoje pode ser uma vergonha amanhã” – Mariano Sumrell, diretor de Marketing da AVG Brasil
Já pensou que ele pode sofrer bullying virtual mas também pode cometer crimes digitais? Pode postar fotos não autorizadas, pode colocar outras pessoas em situações embaraçosas, divulgar conteúdos não permitidos, praticar bullying, postar fotos sensuais na internet, copiar trabalhos existentes na internet e apresentar na escola como se fossem seus…
Para o promotor de justiça Carlos José Silva Fortes, que atua na área da Infância e Juventude, “a criança, desde pequena, deve usar a internet sim, mas SEMPRE com supervisão e orientação, os pais sempre devem fiscalizar de perto, serem rígidos, só assim conseguirão ensinar seus filhos a usarem a internet com segurança. Os pais são responsáveis pelo que fornecem aos filhos, não adianta dar um celular e não orientar o que pode ou não fazer com ele”.
“A internet é só mais uma das formas de conversar com estranhos” – Carlos José Silva Fortes, promotor de justiça
Ok, aí você pode estar se perguntando: “Mas, eu tenho um filho de 9 anos que diz que todo amigo tem um perfil no Facebook e ele sofre bullying por não ter, o que eu faço?”. No mês de janeiro, dois posts chamaram a minha atenção no grupo de debates Mães Amigas. Em ambos, o problema era o mesmo, adolescentes que não largam o celular ou tablet ou que não querem largar e questionam muito a família em relação a isso, já que seus amigos “fazem o que querem” na internet. E as mães simplesmente não sabem mais o que fazer.
Infelizmente, não tem resposta pronta e nem mágica, educar dá trabalho e você tem, sim, que se dedicar a isso também. É mais um aspecto da educação dos filhos que temos que abraçar, faz parte da nossa geração! Se vai deixá-lo criar um perfil no Facebook (que, aliás, só é permitido a partir dos 13 anos), então que oriente, ensine, supervisione seu uso, DE PERTO!
Segundo os especialistas, os pais não querem contrariar os filhos, mas deveriam olhar o que eles estão fazendo, quanto tempo estão dedicando a isso e dizer “não” quando necessário. Pais têm obrigação de dizer não, devem exercer seus papeis de “responsáveis” de fato. Se a criança ou adolescente usa o iPad ou celular escondido de madrugada é porque o aparelho está lá à disposição – e não deveria estar. Algumas vezes, a aproximação com filhos vem justamente através da tecnologia, mas aqui também deve prevalecer o bom senso: há pais e mães que não sabem como falar com seus filhos mas usam o Facebook, o WhatsApp, o SMS para se comunicarem de alguma maneira, entrando no mundo deles. Legal, mas o que não pode ocorrer é isso ser um canal único, só conseguir se comunicar com seus filhos assim!
A advogada Patrícia Peck Pinheiro, especialista em Direito Digital, fez um comentário que me pareceu bem pertinente:
“Eu vou deixar meu filho usar a internet sozinho, sem supervisão, o dia em que ele puder ir sozinho para a escola, e isso está bem longe de acontecer”.
Segundo a especialista, a tendência é diminuir a idade, ou seja, as crianças vão acessar a rede cada vez mais jovens e deveria haver uma mudança na linguagem das redes sociais (regras mais acessíveis para a compreensão das crianças), mas também um reforço na educação dos pais. Chegou a hora de pensar nisso também, mesmo com filhos pequenos (vide dados da pesquisa…)!
Quem já não levou o tablet para o restaurante para deixar a criança brincando enquanto se consegue fazer uma refeição tranquila? “O problema não é usar o tablet de vez em quando, é usar sempre. Na educação dos filhos prevalece sempre o bom senso”, explica Luciana Ruffo, psicóloga do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática (NPPI) da Puc-SP. Ou seja, se toda vez que você vai a um restaurante entrega o tablet para seu filho… já sabe, né?
Bem, e existe tecnologia para ajudar os pais nesta nova missão?
Sim, até existe, mas no Brasil menos de 5% dos pais usa algum meio de controle parental, como filtros, bloqueio de sites indesejados, alertas, senhas etc.
Segundo Tony Anscombe, disseminador dos conceitos de segurança da AVG e autor do livro One Parent to another – Managing technology and your teen (obra apenas em inglês, livre tradução do título: De um pai para outro – gerenciando a tecnologia e seu filho adolescente, clique aqui para baixar), “bloquear ou proibir nem sempre é o melhor caminho porque os jovens vão atrás e descobrem como usar, acredito mais na educação”.
Em seu livro, Tony convida pais e responsáveis a fazerem um grande reflexão sobre o uso da internet dentro e fora de casa, explica sobre as tecnologias, usa um capítulo inteiro apenas para falar de smartphones – e quando deveríamos deixá-lo de lado, como na hora das refeições, na hora de dormir, de ir à escola etc. -, sobre comportamentos e formas de controle, a linguagem das mensagens instantâneas, cyberbullying ou bullying virtual e muitas outras coisas.
“Qual a idade ideal para se dar um smartphone para uma criança? 6 anos? Muitas crianças têm. Isso é preocupante” – Tony Anscombe, autor do livro One Parent to another
Apesar de reforçar que o sucesso de um bom uso do mundo virtual está na educação, a própria AVG investe em sistemas de segurança para ajudar os pais a terem mais controle.
Um deles é o aplicativo AVG Family Center (disponível por enquanto somente para sistemas Android). Ele é gratuito e ainda está em fase de testes. Quando questionei a AVG se poderia divulgá-lo, eles disseram que sim e que adorariam receber feedback de pais e mães para que possam aprimorar o aplicativo até o lançamento oficial. Bem, não consegui testar porque não é compatível com o meu celular, mas para quem tem smartphone ou tablet com sistema Android, a promessa é que seja atrativo para as crianças, com ícones grandes e gráficos coloridos, reúne todos os aplicativos de seus filhos em um só lugar etc. Para os pais, é uma maneira de manter seus filhos em modo de segurança, de forma que eles só poderão acessar os aplicativos, jogos e vídeos que você aprovar, evita que a criança bloqueie o telefone, permite que se defina um limite de tempo para quanto tempo seus filhos podem jogar, permite que se desligue o sinal de WiFi e bloqueia compras on line. Clique aqui se quiser conhecer e baixar o aplicativo.
Como funciona o app AVG Family Center:
Tutorial de como usar o AVG Family Center:
– Limite o tempo de navegação: defina quantas horas seus filhos podem ficar on line e em que momentos do dia; – Filtre o conteúdo: você pode fazer isso por categorias e bloquear assuntos como sexo, drogas, terrorismo, mas não é possível controlar totalmente; – Faça listas negras e brancas: você pode excluir ou incluir manualmente sites para criar regras do que seus filhos podem acessar e até direcioná-los para sites com conteúdo adequado; – Cuidado com dispositivos móveis, checar o histórico de navegação do PC, smartphone ou tablet pode te dar uma dica do que seu filho anda vendo; – Atenção aos games/joguinhos eletrônicos: nem sempre é possível ter detalhes da navegação dos filhos ou configurar adequadamente a segurança, tem que ficar de olho mesmo; – Chats e instant messages: procure um programa que bloqueie seus dados pessoais, como seu número de telefone, endereço de email e oriente seus filhos a não divulgarem isso; – Lembre-se: o que é postado na internet fica para sempre e perdemos o controle de quem acessa; – Crie níveis de privacidade nas redes sociais, mas não confie muito nisso, considere que tudo que é postado é público, ainda que seja “somente” para seus amigos; – Não existe privacidade nos e-mails, se precisar enviar dados confidenciais, é necessário criptografar os dados; – Use ferramentas com antivírus e firewall; – Faça as atualizações de segurança: sistema operacional, antivírus e aplicativos, não deixe para depois! – Cuidado com senhas: crie senhas difíceis de serem adivinhadas e senhas diferentes para serviços diferentes.Dicas para os pais:
AVG lança o eBook “Proteja nossas Crianças e Jovens”
A AVG Brasil, fabricante de softwares de segurança para computadores e dispositivos móveis, representada oficialmente no País pela Winco Sistemas, lança o primeiro eBook brasileiro com conteúdo voltado para a proteção de crianças e jovens na internet. O livro digital faz parte de um projeto global de educação promovido pela empresa desde 2010.
A publicação brasileira propõe um debate entre diversas instâncias da sociedade em torno da nova realidade de informação e conexão de crianças e jovens e da necessidade de orientar pais e educadores para que estes possam, de fato, estar preparados para instruir essa população mirim que vem entrando cada vez mais cedo no mundo virtual.
O eBook apresenta essa nova realidade de entrada no mundo virtual e o uso de dispositivos digitais por bebês, crianças e jovens por meio de uma série de pesquisas realizadas pela AVG em diversos países – inclusive no Brasil – entre 2010 e 2013. As pesquisas revelam que as crianças passam pelo processo de “amadurecimento tecnológico” cada vez mais precocemente, e revelam dados curiosos como o fato de 81% das crianças com menos de dois anos já terem algum tipo de perfil na Internet. Além de revelar um novo cenário, o livro incita o debate em torno das responsabilidades na proteção dessas crianças e jovens, levantando questões como: Quem deve educar os jovens sobre segurança e privacidade na internet, pais ou escolas? Os pais devem controlar os conteúdos vistos e postados por seus filhos? Até onde vai a privacidade das crianças na rede e até onde seus pais devem interferir? Qual é o papel do poder público diante de violações e crimes contra crianças na internet?
“Com centenas de casos de exploração sexual, bullying e violência contra jovens e crianças na internet sendo expostos todos os dias nos noticiários, o tema do livro e a necessidade do debate se mostram fundamentais”, explica Mariano Sumrell, diretor de Marketing da AVG Brasil. “Acreditamos que o eBook possa ser o início de uma série de ações que fortaleçam a discussão e gere iniciativas concretas para a proteção de nossas crianças”, finaliza Sumrell.
O livro é uma iniciativa da AVG Brasil e foi elaborado em parceria com a Trama Comunicação. Em cinco capítulos, são abordados temas como a entrada das crianças no mundo virtual, a privacidade de bebês, crianças e jovens nas redes sociais e o papel dos pais na educação para o uso dos meios digitais.
Alguns pais estão atentos…
O fato é que, se você quer que seu filho tenha um bom comportamento – seja no mundo real ou virtual – você deve investir na educação dele como um todo, um bom relacionamento neste triângulo FILHOS-PAIS-TECNOLOGIA só trará benefícios a todos.
Vale ressaltar que a tecnologia está aí e vai fazer cada vez mais parte de nossas vidas, então quem tem que se adaptar à nova realidade é VOCÊ! “A tecnologia tem o poder de transformar algo chato em divertido. Para uma criança, há inúmeros aplicativos que podem ser benéficos, como quebra-cabeças digitais, joguinhos que ensinam as cores, atlas geográfico, todos são muito positivos”, explica Pedro Paulo Oliveira Junior, professor de Neurociência da Faculdade de Medicina da USP. Vale aqui também o bom senso, mais uma vez.
“Fora ou dentro da tecnologia o trabalho de educar é o mesmo, dar o exemplo, estar junto, educar, buscar bons valores… amar é querer o bem da outra pessoa, viver com ela, acompanhar seu desenvolvimento, com ou sem internet” – Carlos José Silva Fortes, promotor de justiça
A escola exerce um papel fundamental neste processo de educação. Saber dosar a quantidade de tecnologia aplicada à educação não é tarefa fácil, mas este já é assunto para uma outra matéria!
*Informação atualizada em 05/02/2014
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