Sem paciência com a Disciplina Positiva
27.08.2019 – Como mães e pais, buscamos sempre fazer o melhor para nossos filhos e muitas vezes as melhores intenções nem sempre são àquelas que produzem os melhores resultados. É preciso ter paciência para aplicar a disciplina positiva e o dia a dia de uma mãe que usa na prática pode ajudar você a entender que é possível mudar e criar filhos com mais empatia.
A Disciplina Positiva é uma forma de educar que busca equilíbrio, estabelecendo limites firmes e, ao mesmo tempo, incentivando a liberdade e a autonomia da criança. Essa forma de educar tem cada vez mais adeptos preocupados com a formação integral dos filhos. Seu objetivo é educar com foco no afeto, na compreensão, no respeito e no aprendizado mútuo.
Quem compartilha seu relato hoje, é Renata Neaime, mãe do Diego de 3 anos e entusiasta da educação positiva há 2 anos.
“Passei a me olhar mais, a rever as minhas posturas, a praticar mais empatia”.
Desafios da Disciplina Positiva
Era um dia comum, quando eu e marido decidimos ir passear com o meu filho (Diego, à época com 1 ano e 9 meses) em uma loja de departamento esportivo.
Aliás, seria um dia como outro qualquer, se aquele não tivesse sido o episódio de birra mais intenso e insano que já vivi e que marcou toda a minha jornada como mãe. Foi naquele dia, em que meu filho ficou aos berros por 40 minutos seguidos e eu “de mãos atadas” por não saber como lidar com a situação, que eu percebi que eu precisava de ajuda para aprender a educar o meu filho.
Em razão disso, passei a frequentar as rodas de conversas e workshops, que aconteciam, na Casa Mães Amigas relacionadas ao assunto em questão.
A primeira roda de conversa que eu participei, foi conduzida pela Psicóloga Roberta Tavares, cujo tema era a tão temida “birra”. Gostei tanto que participei novamente de uma outra roda de conversa, com a mesma psicóloga e mesmo tema, para rever o que eu tinha aprendido e aprender o que eu não havia absorvido.
Depois disso, recebi a notícia de que haveria um workshop para aprender a educar os filhos com firmeza e gentileza ministrado pela Maria Clara de Freitas, seguido de um projeto intitulado de “Programa Florescer” dela. Na mesma hora me inscrevi, pois ali já sabia que o que faltava para mim era a firmeza.
Sempre fui contra bater, punir e castigar. Mas então como educar as crianças com limite e respeito? Será que isso é possível? Nesse curso, aprendi que sim. E foi ali que tive um contato mais aprofundado sobre a disciplina positiva.
De lá para cá, comecei a aplicar os conceitos e ferramentas da Disciplina Positiva e tenho visto um resultado incrível. Não só em relação ao meu filho! Vejo que a principal transformação está em mim.
É estranho pensar que ao aprender como educar um filho, eu possa ter aprendido mais sobre mim, sobre o que me tira a paciência, sobre como eu recupero a minha paciência (rs)… Isso tudo se deve ao fato de eu ter aprendido que “EU SOU O MAIOR EXEMPLO PARA O MEU FILHO” e se eu desejo que ele não grite, então eu não posso gritar também. Não só com ele! Eu não devo gritar com ninguém.
A partir daí, passei a me olhar mais, a rever as minhas posturas, a praticar mais empatia (isso em relação à todos). Aprendi também que para eu conseguir cuidar de alguém, eu preciso estar bem, ou seja, eu também preciso cuidar de mim. Por conseguinte, tenho colhido uma vida mais leve e mais fácil de se levar.
Além disso, conhecer as fases em que meu filho se encontra e entender as razões pelas quais o mau comportamento acontecem, tem me ajudado e muito a perceber que eu não devo resolver um conflito, criando outro. O foco está na solução. Mais que isso: o foco está em aproveitar cada situação para ensinar o meu filho!
E para finalizar, com a Disciplina Positiva eu aprendi que punir o meu filho por um erro ou por um mau comportamento nos tira a chance de desenvolver habilidades sociais tão importantes e que, na fase adulta, poderá fazer falta.
Para aclarar a questão, eu exemplifico: é comum admirarmos as pessoas (adultas) que são determinadas, não é mesmo? E o que falamos nesse caso? “Fulano é tão determinado, quando ele coloca uma coisa na cabeça, nada tira o seu foco!”.
Por outro lado, é comum repreendermos a criança que é teimosa. E o que falamos nesse caso? “Nossa, mas que criança mais teimosa, quando ela coloca uma coisa na cabeça, nada tira o seu foco!”.
Percebem: de duas situações semelhantes, é possível extrair uma lição negativa (quando se trata de uma criança) e uma lição positiva (na perspectiva de um adulto)! Aí eu te pergunto: qual a diferença, senão a idade?
Então, que tal começarmos a aproveitar cada oportunidade para ensinarmos a crianças?
E mais: que tal não deixarmos que as habilidades sociais inatas a elas sejam apagadas por uma educação tradicional, cujo objetivo é resolver a questão a curto prazo (estancar a birra / o mau comportamento) e não a longo prazo (cultivar o que a criança tem de bom)?
Eu acredito – e muito – que se você se permitir conhecer um pouquinho da Disciplina Positiva, é bem provável que você também se encante com os seus conceitos e efeitos e passará a disseminá-la por aí como aconteceu comigo e com várias conhecidas!
Vamos juntas nessa luta?