“Minha filha nasceu dentro do carro, na porta da maternidade”
20.02.2019 – Helena já tinha 20 dias de vida quando a dentista Rebeca Franco Bernardino (33) contou à equipe de jornalismo do Mães Amigas – ainda meio triste – que pagou cirurgiãos e fotógrafos para o nascimento da filha, mas não usou nenhum dos dois. “Minha filha nasceu dentro do carro, na porta da maternidade”, explicou.
O episódio aconteceu no dia 12 de janeiro deste ano, na frente da Maternidade de Campinas. Em carta emocionante à filha, Rebeca conta detalhes da chegada triunfal da pequena. Leia:
Minha filha Helena,
Escrevo este relato enquanto te amamento, na madrugada do dia 03 de fevereiro de 2019, para lhe contar como foi a sua chegada – triunfal – ao mundo.
Era 12 de janeiro deste mesmo ano, um sábado. Eu dormia tranquilamente quando acordei às 5h da manhã para ir ao banheiro. Devia ser coisa de final de gravidez, né? Mal sabia eu! Dessa vez, no xixi saiu um coágulo de sangue. Junto, vieram as contrações.
Falei para o seu pai que você estava chegando! Ele levantou da nossa cama e foi preparar a banheira, para eu relaxar um pouco e observar o ritmo das contrações. Sem perder a piada, veio do meu lado e disse que era para eu aproveitar as contrações, já que elas seriam as últimas da minha vida. Fala sério?!
Mas nem tudo era riso. Comecei a sentir mais dores! Às 6h20, pedi para que a enfermeira viesse logo à nossa casa para me avaliar, pois as contrações estavam bem mais doloridas: de 2 em 2 minutos, com duração de 40 segundos.
Já pedi para que o seu pai fosse colocando todas as malas e coisas que iríamos levar para o hospital dentro do carro. Mas essas horas exigem pessoas multitarefas: ele também tinha que apertar o meu quadril quando as contrações aconteciam, para aliviar um pouco a dor.
Entre uma contraçãozinha e a outra, até liguei para a fotógrafa que tínhamos contratado para registrar o seu nascimento. Disse a ela que não era o planejado, mas o trabalho de parto estava começando. De novo: mal sabia eu…
“Sabe o que significava aquela dor toda? Dilatação total!
Nós tínhamos que ir imediatamente para o hospital!”
Era quase 7h quando a enfermeira chegou em casa. Tomei coragem, saí do chuveiro e ela me avaliou. Sabe o que significava aquela dor toda? Dilatação total! Nós tínhamos que ir imediatamente para o hospital!
Estávamos todos prontos, só esperando seus avós chegarem para ficar com o seu irmão, que dormia sem saber que a companheira que ele terá para a vida inteira estava chegando.
Ah, nessa hora, seu pai disse que ia sair para comprar pão. É mole?! Pensa: a enfermeira cogitando ir à maternidade de carro comigo, sozinha, de tanto que você queria nascer, e ele na maior calma do mundo!
Seus avós já estavam chegando. Descemos todos, nos encontramos na porta, falei um oi rapidamente (talvez eu tenha gritado um oi rapidamente) e entrei no banco de trás do carro. De costas para os bancos da frente. Abraçando o apoio de cabeça. A enfermeira comigo, para me ajudar com a dor. Então seu pai começou a dirigir, com a missão de voar para o hospital!
Devia ser umas 7h10. Com uns 5 minutos de trajeto, comecei a sentir vontade de fazer cocô – o que é bem normal no trabalho de parto. Não teve como segurar e a fralda dos cachorros, que estavam no carro, foram a nossa salvação! (Pois é!).
Seu pai desviava de outros carros e furava semáforos. Eu te sentia cada vez mais chegando! Já estávamos na avenida do hospital quando eu disse à enfermeira que você ia nascer!
O papai parou o carro na porta do hospital, para descermos, mas eu já te sentia coroar. Sua cabeça já estava ali, saindo. E então a enfermeira se chocou: você realmente estava nascendo.
“Eu respirei e comecei a chorar.
O relógio marcava 7h29 quando você chegou”
Eu respirei e comecei a chorar. O relógio marcava 7h29 quando você chegou. Toda a nossa jornada tinha passado! Nós víamos a cor de seus cabelos e de seus olhos. Era como um novo amor, que agora tinha carinha e nome: Helena.
Você deu uma choradinha só e ficou quietinha. Acreditamos que foi apenas para avisar que havia chegado! hahaha Seu pai apareceu na porta do carro, já com a equipe do hospital, todo emocionado em te ver.
Nós te embrulhamos com um tecido, como se fosse uma mantinha. Você entrou no hospital comigo, nos meus braços. Na sequência, a fotógrafa e a nossa médica chegaram!
Você decidiu chegar assim: triunfante, rápida. Foi como eu queria: sem nenhuma anestesia e procedimentos hospitalares, muito melhor do que eu imaginei! Sim, foi a uma grande surpresa você nascer no carro, na porta do hospital – mas não um susto.
Desde os seus primeiros segundos no mundo, você vive imersa em amor e carinho. Sempre muito calminha e tranquila…
E essa, Helena, é a história de como você nasceu. No carro, na porta da maternidade. Cheia de vontade! Qualquer dia desses, pede pro seu pai te contar a versão dele.
Te amamos, filha.
Com amor,
mamãe.
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