Sebrae muda posicionamento sobre proibição de crianças na Feira do Empreendedor 2018

03.04.2018 – O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) de São Paulo mudou o posicionamento inicial adotado pela entidade com relação à proibição da entrada de menores de 14 anos na Feira do Empreendedor 2018, que acontece de 7 a 10 de abril, no Parque Anhembi.

De acordo com a assessoria de imprensa do serviço social, a presença de crianças na mostra não é proibida, apenas não recomendada por tratar-se de um evento que não possui atrativos para o público infantil.

“O ambiente da feira é tumultuado, em razão do alto número de expositores e visitantes que recebe, e voltado à realização de palestras com enfoque profissional. Isso torna o espaço estressante e até mesmo perigoso para as crianças, que frequentemente perdem-se dos pais em locais como esse”, explicou o Sebrae em entrevista telefônica.

Em e-mail enviado à equipe de jornalismo do Mães Amigas no último dia 27, a entidade ainda reafirmava a decisão de não permitir a entrada de crianças na Feira do Empreendedor 2018. Na ocasião, os assessores de imprensa do órgão alegaram que a decisão tomada pautava-se no atendimento de critérios técnicos inerentes ao perfil do evento.

“A decisão de não permitir a presença de menores de 14 anos na Feira segue critérios técnicos relativos a esse perfil de evento. Isso porque a dinâmica da Feira do Empreendedor envolve palestras, capacitações, oficinas e atendimento pessoal. Tais atividades acontecem em salas de aulas ou auditórios, ou seja, trata-se de um ambiente voltado para os negócios”, afirmou o Sebrae-SP na resposta emitida.

Dois dias depois, na página da Feira do Empreendedor 2018, a imposição foi substituída por uma sugestão. “Não recomendamos a entrada de menores de 14 anos, mesmo acompanhados dos pais ou responsáveis”, alerta a entidade.

 

Página da mostra sugere que crianças não sejam levadas ao evento

 

Questionada sobre a alteração dos termos utilizados para comunicar sobre a faixa etária da feira, a assessoria de imprensa do órgão disse que a correção ocorreu porque a forma escolhida pela equipe de divulgação da Feira do Empreendedor 2018 para informar sobre a presença de crianças no evento caracterizou uma falha de comunicação.

“O Sebrae-SP não irá barrar a entrada de mães que cheguem ao evento com seus filhos. Utilizar o termo “proibido” ao invés de “não recomendado” foi um erro cometido durante a divulgação da edição 2018 da feira. Por isso, nossa equipe de comunicação já está trabalhando para reparar o ocorrido”, finalizou o Sebrae-SP.

 

Repercussão

A proibição de menores de 14 anos na Feira do Empreendedorismo 2018 repercutiu após publicação feita pela fundadora e Diretora Executiva da Feminaria Desenvolvedora, Ana Carolina Moreira Bavon, em uma rede social profissional.

Intitulado “Mães Empreendedoras não são Bem-Vindas – Disse a Maior Instituição Brasileira de Apoio e Fomento ao Empreendedorismo“, o texto relata a indignação da advogada, que optou por cancelar a participação da startup que fornece consultoria em gerenciamento de negócios ao público feminino no evento.

“O conteúdo que eu publiquei dividiu a opinião das mães, e eu acho isso ótimo. Do meu lado, posso dizer que eu não consigo entender como uma feira que visa fomentar o empreendedorismo feminino não permite que as mulheres entrem com seus filhos no evento. Ou esse não é o maior evento de empreendedorismo do Brasil, ou as mulheres são café com leite”, disse Ana Carolina.

Mães debatem sobre a proibição de menores de 14 anos na Feira do Empreendedor 2018

 

Uma semana após a publicação do texto, a empresária relata ter perdido o controle da discussão. Questionada sobre a opinião das mães que se posicionaram à favor da decisão do Sebrae, a diretora executiva diz acreditar que muitas das opiniões proferidas pelas leitoras foram emitidas a partir de perspectivas privilegiadas.

“Muitos dos comentários que eu li na publicação que eu fiz foram escritos por mulheres em situação de privilégio. A mãe que tem como pagar por uma babá não enxerga a realidade da que não tem”, opina.

Para Ana Carolina, a problemática existente na proibição da circulação de crianças na feira consiste no fato da decisão inicial do Sebrae possuir teor mandatório, e não opcional.

“Uma entidade que recebe verba de repasse público, ou seja, que é mantida com os impostos pagos por empresárias, tem que proporcionar acesso e segurança para os filhos dessas mulheres. Quem decide se leva ou não o pequeno é a mãe”, explica.

Ainda de acordo com a advogada, quando um evento vale-se do público feminino como setor alvo, ele deve proporcionar acesso a essas mulheres.

“75% das mulheres passam a empreender depois que se tornam mães, pois o mercado de trabalho já consolidado as exclui. Se uma entidade que diz apoiar o instinto empresarial feminino impõe barreiras à empresária, essa mulher corre para onde?”, questiona.

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