Sarampo e a Copa do Mundo de Futebol

22.05.2014 – De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o sarampo é uma das principais causas de morte na infância: estima-se que 122.000 crianças tenham morrido devido ao sarampo somente no ano de 2012. A situação já foi bem pior. Graças aos esforços globais para o aumento da cobertura vacinal, houve uma redução de 77% nas mortes por sarampo entre os anos de 2000 e 2012.

Ainda assim, o sarampo é uma doença grave, estimando-se que uma em cada 20 crianças acometidas desenvolvam pneumonia, uma em cada 1.000 desenvolvam encefalite e que uma a duas em cada 1.000 morram em decorrência da doença.

Desde 2013, surtos de sarampo voltaram a ocorrer no Brasil, envolvendo expressiva quantidade de casos e com duração sem precedentes. Como nos últimos anos a doença estava erradicada, muitos médicos formados nunca viram uma criança com sarampo.

O desafio do controle do sarampo está nos bolsões de indivíduos não imunizados e no constante risco de importação de casos pelos viajantes provenientes de áreas em que a doença persiste de forma endêmica.

No Brasil, apesar de a cobertura vacinal contra o sarampo vir se mantendo acima dos 95% preconizados, grandes surtos voltaram a ocorrer desde o ano passado. Apenas nos primeiros três meses de 2014 foram confirmados 129 casos de sarampo no Brasil, sendo 125 no Ceará e quatro em Pernambuco.

Sarampo e a Copa do mundoUma explicação parece estar na qualidade da cobertura vacinal, que não é homogênea, criando bolsões de populações suscetíveis em decorrência de problemas estruturais do sistema de saúde.

Informações do Ministério da Saúde indicam que a homogeneidade da cobertura vacinal com a vacina Tríplice Viral em crianças com 12 meses de idade nos anos de 2010 e 2011 está abaixo dos 70% estabelecidos como meta. Adicionalmente, no período de 2001 a 2011, estima-se que apenas 71% das crianças entre 1 e 11 anos tenha recebido uma segunda dose da vacina Tríplice Viral.

Sarampo e a Copa do Mundo

Grandes eventos como a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas deverão tornar o desafio do controle de surtos ainda mais complexo em nosso país. A vinda de torcedores provenientes de países onde o sarampo é endêmico contribuirá para o aumento do número de casos, colocando em risco adultos não vacinados e bebes ainda não vacinados.

O sarampo é tão contagioso que eventualmente irá atingir cada indivíduo não imunizado. E é exatamente essa a sensação que temos ao vivenciar os surtos no Brasil, que têm acometido principalmente as crianças menores de 12 meses que ainda não foram vacinadas e encontram-se desprotegidas.

Mais do que nunca é hora de manter o calendário vacinal de nossas crianças em dia.

Confira informações sobre sarampo e viajantes no site do Ministério da Saúde do Brasil.

 

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Silvia Castilho

Escrito por: Silvia Castilho

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