O nascimento de Pedro me mostrou o quanto podemos ser fortes
Carolina Coppola
Mãe da Ana Clara (5 anos) e Pedro (8 meses)
” Pedro nasceu de maneira serena, veio para os meus braços e deu um chorinho como se quisesse nos mostrar que estava tudo bem.”
21.08.2015 –Uma das primeiras coisas que pensei assim que comecei a planejar a minha segunda gestação foi quem faria o meu pré-natal e acompanharia o meu parto. Desta vez, queria que fosse diferente da primeira vez, queria ser respeitada, realmente, por alguém que fosse experiente, competente tecnicamente, mas ao mesmo tempo que me acolhesse e acreditasse na gestação e parto como processos naturais, fisiológicos.
Foi então que pensei no dr. Ayrton. HavÃamos trabalhados juntos em um parto e eu havia gostado do seu jeito em lidar com a parturiente e de como conduziu o parto. Lembro-me como se fosse hoje o dia em que o procurei na clÃnica e conversamos sobre possÃveis datas e sua disponibilidade devido à s suas viagens aventureiras.
Só não imaginava que ali começava uma grande trajetória a ser percorrida. Foram quase dois anos e meio de tentativas até engravidar. Foi um processo desgastante e, de certa forma, sofrido e já aà pude perceber que tipo de profissional eu estava escolhendo, me surpreendi com tamanho acolhimento e apoio. No dia em que descobri a gravidez foi dele, dr. Ayrton, de quem eu recebi um dos abraços mais verdadeiros.
Passada a descoberta e as primeiras semanas de gestação, começamos a planejar o parto: optei pelo parto domiciliar. Juntos, elaboramos o plano de parto, pensamos cuidadosamente em todos os detalhes para que fosse um parto seguro. E, felizmente, a gestação correu de maneira tranquila, sem nenhuma intercorrência.
O nascimento do Pedro foi uma das melhores experiências de vida pelas quais já passei. Foi intensa, mas deliciosa e nele pude descobrir o tamanho da força que nós mulheres carregamos dentro de nós. Se tivesse que escolher algumas palavras para descrever o parto seriam: acolhimento, carinho e respeito.
Uma das peças fundamentais para ter alcançado com êxito meu desejo pelo parto domiciliar foi, sem sombras de dúvida a escolha da equipe. Uma equipe respeitosa, que cuidou não só de mim e do Pedro, mas também de meu marido, Ricardo, e de minha filha, Ana Clara, de cinco anos. Tive como obstetra e amigo, dr. Ayrton, tive quatro doulas, amigas e companheiras de trabalho, Tatiana, Luciane, SÃlvia e Leyla, e um pediatra e também amigo, dr. Edson, para recepcionar o Pedro.
Passei em consulta de pré-natal em uma quinta-feira a tarde, dia 11/12 e o dr. Ayrton disse, após me examinar, que apostava que o Pedro nasceria no máximo em 7 dias. Na sexta eu completaria 39 semanas de gestação e à s cinco e meia da manhã minha bolsa rompeu. O lÃquido estava claro e eu ainda não tinha contrações. Comuniquei a equipe e, então, ficamos aguardando o desenrolar do trabalho de parto.
Passei a sexta-feira, dia 12/12, na companhia de minhas queridas doulas, de meu marido e de minha filha, fiz questão que ela ficasse junto conosco e tivesse a oportunidade de vivenciar o parto e o percebesse realmente como um processo natural e fisiológico. Era uma tarde quente de verão e as contrações ainda estavam leves e espaçadas. Dr. Ayrton foi me acompanhando por telefone. Fiz acupuntura, caminhadas, exercÃcios na bola, conversei, dei risada, comi bastante, curti minha filhota, um dia muito gostoso.
No final da tarde, após uma gostosa e tÃpica chuva de verão, saà para caminhar novamente com as doulas e então as contrações começaram a pegar ritmo e se intensificar. Voltamos para casa e meu marido havia colocado um show de reggae na televisão para assistir, fiquei dançando com a minha filha enquanto as contrações vinham e iam.
Dr. Ayrton chegou por volta de umas sete da noite. Ouviu o coração do Pedro, avaliou as contrações e disse que estava tudo bem, que era só aguardar. Jantamos juntos e eu fui percebendo que as contrações começavam a se intensificar e o intervalo entre elas diminuÃa. Fiquei na sala caminhando, apoiada na bola, respirando e fui recebendo massagens, ora das doulas, ora do meu marido.
Chegou um momento em que quis ir para o chuveiro, pois o desconforto estava aumentando, devia ser por volta de umas dez da noite. Meu marido colocou minha filha para dormir e depois se juntou a mim no chuveiro. Fiquei sentada em um banco embaixo da água, recebendo massagem dele nas costas. Não sei bem quanto tempo se passou. A intensidade das contrações aumentou bastante, e eu fui respirando e vocalizando, o que trazia alÃvio para o crescente desconforto.
Chegou um momento que quis sair e ir para o quarto. Ao levantar, senti muita dor e vontade de fazer força. Neste momento, a ajuda das doulas foi fundamental para que eu me centrasse novamente e me concentrasse no que meu corpo estava pedindo. Fui para a banheira, me acomodei e me voltei totalmente para dentro de mim mesma. No quarto estavam todos, dr. Ayrton, doulas e o pediatra, mas o silêncio era muito respeitoso. Meu marido também entrou na banheira, continuou com as massagens e eu fui vocalizando e fazendo força conforme vinham as contrações.
Foi incrÃvel e indescritÃvel sentir o Pedro percorrendo cada centÃmetro até que nascesse.
Em uma contração saiu a cabecinha e na outra o corpo. Pedro nasceu nas mãos de meu marido, que recebeu apenas o respaldo das mãos do dr.Ayrton à 01:54h do dia 13/12. Nasceu de maneira serena, veio para os meus braços e deu um chorinho como se quisesse nos mostrar que estava tudo bem. Permanecemos na banheira até o cordão parar de pulsar, depois saÃmos, Pedro mamou e meu marido cortou o cordão. Após uns 20 minutos que ele nasceu minha filha acordou e veio conhecê-lo.
A placenta demorou a sair, mais tempo que o usual, mais tempo do que imaginávamos, mas como estava tudo sob controle, apenas esperamos. E assim foi a chegada de Pedro em nossa famÃlia. Tenho muita gratidão ao dr. Ayrton e a toda equipe que nos acompanhou. Obrigada, obrigada e obrigada.
 O nascimento de Pedro me mostrou o quanto podemos ser fortes