Nossa filha nasceu prematura, enquanto escolhíamos o enxoval em Orlando

08.08.2018 – 

 

Marília Pereira
Mãe da Olivia, de 1 ano e 2 meses

 

♥ “Programada para durar 10 dias, nossa viagem acabou durando 6 meses!”

 

 

No dia 31/05/2017, eu e meu marido embarcamos para Orlando. O intuito era passar 10 dias por lá fazendo o enxoval da nossa primeira filha, a Olívia. Meu irmão, minha cunhada e minha sobrinha já estavam na cidade, porque a minha cunhada, que também estava grávida, também optou por comprar os utensílios do bebê nos EUA.

Eu quis descansar assim que nós chegamos, mas o meu irmão nos chamou para ir ao parque com a sua família no dia seguinte e, como a nossa estadia em Orlando não ia coincidir muito, decidi aproveitar o momento com eles.

Durante o passeio no parque, fazia um calorão! Eu e minha cunhada estávamos nos hidratando muito e, por isso, ela foi várias vezes ao banheiro. Eu não! Achei bem estranho, mas seguimos assim.

Nos dias seguintes, eu e o meu marido fizemos o enxoval da Olívia com uma profissional. Mesmo ficando quase o tempo todo sentada, eu me sentia cansada e inchada! Pouco tempo depois, comecei a ter também fortes dores de cabeça.

Em 07/06, dia em que o meu irmão ia embora, eu lhe mandei uma mensagem desejando uma boa viagem de volta e mencionei a forte dor de cabeça que estava sentindo. Foi então que o meu marido decidiu mandar mensagem para a minha obstetra, que nos recomendou procurar auxílio qualquer farmácia. O resultado? A minha pressão já estava 20×13! Fomos direto ao pronto socorro.

Eu já estava com quadro de eclêmpsia, no entanto. Na tentativa de baixar a minha pressão e evitar uma cesariana de emergência, os médicos me medicaram, o que foi em vão: tive uma convulsão que resultou na minha transferência urgente de hospital e, consequentemente, no temido parto prematuro.

“A Olivia nasceu de 26 semanas, no dia 07/06/2017, pesando 760g. Ela ficou 114 dias na UTI – todos eles respirando com a ajuda de aparelhos de oxigênio”

 

Eu retomei a minha consciência uns dois dias depois. Não me recordo muito bem. Fiquei sabendo que o meu irmão, a minha cunhada e a minha sobrinha já tinham embarcado e pediram para descer do avião quando o meu marido lhes comunicou a minha situação. Eles ficaram 3 dias a mais, o que ajudou muito o meu marido, que estava totalmente perdido enquanto eu nem sabia o que estava acontecendo!

Tive alta depois de 7 dias e foi só nesse momento que eu conheci a minha filha, pois até então, eu estava em uma UTI e ela em outra, embora no mesmo hospital! Meu marido correu atrás de muita coisa enquanto eu estava internada e uma assistente social o ajudou a encontrar um abrigo para a gente, porque logo lhe avisaram que nós teríamos que ficar nos Estados Unidos pelo menos até a data que era prevista para minha filha nascer, 09/09/17.

Fomos para o Instituto Ronald McDonald House e ficamos 6 meses hospedados lá: 4 meses com a Olivia na UTI e 2 meses com ela na casa, conosco.

 

Marília e família durante estadia na Casa Ronald McDonald. (Foto: Instagram/rmhccf)

 

 

No começo, foi muito difícil tirar leite por meio de bomba para amamentar a Olivia, mas eu fui me acostumando com a ideia. Saber que essa era a única maneira de ajudá-la me deu muita força!

Eu me lembro que cada dia na UTI era diferente! Uns mais alegres, outros mais tristes. A gente não gostava muito de ficar pensando no pior e sempre tivemos muita fé! Por isso mesmo, ficávamos fazendo vários planos para quando a nossa filha saísse do hospital!

Em um dia de agosto, um brasileiro nos abordou na saída da UTI. Estava em desespero! A esposa dele tinha tido apendicite, tinha estourado a bolsa e o bebê havia nascido prematuramente também! Eu e meu marido ajudamos eles em tudo, já que ambos não falavam inglês. Passamos a considerá-los da família, porque eram 24 horas com eles e nossos bebês!

O mais curioso é que eles são de Americana (SP) e, por isso, os laços tornaram-se mais fortes ainda! Não perdemos contato até hoje!

Voltamos para o Brasil com a Olivia no oxigênio. Os nossos amigos de Americana ficaram nos EUA por mais 1 mês e meio. A Olivia ficou por mais 1 mês no O2, mas logo a prematuridade foi ficando pra trás! Hoje ela é super saudável e a única sequela da prematuridade é a questão do crescimento: a minha pequena é um tiquinho de gente!!!

 

 

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