Não esperava por outra gravidez, nem meu marido pelo AVC
Fernanda Ferdinando dos Santos
Mãe do e da Valentina
“Como eu reagi? Com um baita sorriso no rosto dizendo que tudo ia ficar bem!”
Não esperava por outra gravidez, nem meu marido pelo AVC
Hoje eu vim dividir minha história com vocês, ou melhor.. A história da minha filha e do meu marido!
Não sei se vocês acreditam em Deus, destino, coincidências… O que quer que seja, hoje eu tenho certeza que estou vivendo um daqueles momentos em que tenho plena certeza que estou onde eu devo estar. Que era pra ser assim, que não é por acaso e muito menos em vão.
Não quero que pensem que é uma história triste apenas… Vai muito além disso!
Eu estou com meu marido há 3 anos, mas decidimos morar juntos há menos de 2 anos. Quatro meses depois de juntarmos nossos trapos veio a bomba. Estava grávida! Pela segunda vez. Poxa, fiquei muito frustrada, meu primeiro filho tive muito nova de um relacionamento longo e que não deu certo. Queria curtir minha lua de mel né…(risos). Mas tudo bem! Mãe pode até se negar mas basta um ultrassom pra estar perdidamente apaixonada.
Passaram os meses… Estava finalmente curtindo minha gravidez, ansiosa pra estrear no mundo rosa. E aí meu mundo desabou, quando numa sexta-feira, dia 04/09/2015, meu marido teve um AVC, com 28 anos de idade!
Descobri onde ele estava graças a redes sociais, divulgaram a foto dele e entraram em contato comigo, ele passou mal no trem e ficou como desconhecido. Quando o encontrei, ele falava apenas “Eu, eu, eu” e não conseguia mexer um lado do corpo mas ficou super feliz em me ver.
Como eu reagi? Com um baita sorriso no rosto dizendo que tudo ia ficar bem! Como eu consegui? Treinei muito isso com meu filho internado por várias vezes com pneumonia… Não se compara, mas Mãe aprende a ser palhacinha de hospital (risos).
Me vi de 7 meses indo todos os dias para o Hospital das Clínicas esperar notícias. Felizmente, meu marido não precisou de neurocirurgia, graças a Deus! Na UTI, as médicas dele me diziam que não sabiam como eu estava aguentando com tanta serenidade, mal sabiam elas que tendo um filho pequeno, meu único momento pra chorar era no chuveiro. Mas na verdade, nem eu sabia. E assim eu decidi…
Nossa filha? Ah, ela ia se chamar Valentina! A Valente. Como o pai dela queria! Pra nós que achávamos que ele não veria o parto e muito menos iria no chá de bebê… Estávamos errados. Apesar de todas as dificuldades pra se locomover e sem conseguir se comunicar perfeitamente, lá estava ele, no chá de bebê, no parto, até fizemos o ensaio que ele tanto queria!
Hoje, um ano depois do AVC, ele ficou com algumas sequelas. Hemiparesia direita, anda devagar mas vai para todo lado, mexe o braço mas com muito esforço e está afásico (de início ele falava apenas “ EU “, não lia e nem escrevia absolutamente nada. Hoje, apesar de estar muito melhor, ainda constrói poucas frases).
A causa? Sem diagnóstico até hoje!
Há dias que ele “fala” que se não fosse pela Valentina preferiria ter morrido ou já teria se matado. Entendem como tudo está onde deveria estar? Hoje eu não reclamo e nem questiono o modo como as coisas acontecem. Há um pouco mais de um ano atrás quando eu engravidei de novo e sem querer, jamais poderia imaginar que ela era mais do que “mais um filho” , ela fazia parte dos planos de Deus na vida do meu marido! Se ele vive hoje e não deixa a depressão bater é por ela. Então, que assim seja. E sem ela, eu não teria 7 meses pra cuidar dele em casa até que ele fosse o mínimo independente, como é agora que já voltei a trabalhar. Não é a toa que dizem que crianças são dádivas de Deus.
Não direi que é um mar de rosas, há mais sequelas do que as motoras, mas já lamentei muito e ás vezes fico triste quando o vejo com dificuldade para fazer coisas que antes, eram incrivelmente fáceis pra ele. Amante de livros, que pensava um dia estudar História e lecionar… Mas quem lembra de problemas quando tem um sorriso cheio de dentinhos minúsculos te esperando assim que abre a porta? (risos)
Não vim aqui para contar uma história triste mas pra nos lembrar que tudo nessa vida têm um sentido maior. E que nossos filhos são dádivas, sem dúvida alguma
Por mais clichê que seja, vamos curtir nossas vidas e as pessoas que amamos como se não houvesse amanhã!
Fernanda Ferdinando dos Santos
Não esperava por outra gravidez, nem meu marido pelo AVC