Mola Hidatiforme: minha gravidez virou um câncer
Thiara Pedico Saragiotto
mãe da Luarah (7 anos)
♥ “Foi aquele choque na família! Como uma gravidez poderia se tornar um câncer maligno? Sim, isso era possível!”
06.04.2015 – Em julho de 2007 nasceu minha primeira filha e em julho de 2013 engravidei novamente. Como o feto não se desenvolveu, fiz a primeira curetagem no dia 18/07/2013, o material tirado foi para análise e nada foi diagnosticado. Apesar disso, continuei com muito sangramento e, após um mês, fiz um novo exame Beta HCG que continuou dando positivo ( 17.000,00).
No dia 18/08 fiz uma segunda curetagem e achava que tinha ocorrido tudo bem, quando comecei a passar mal na sala de recuperação. Desmaiei por alguns minutos e quando voltei com as injeções de adrenalina estava com uma barriga gigante, era uma hemorragia interna. Fiquei consciente o tempo todo enquanto os médicos decidiam se me abririam ou não. Como o meu sangue já estava sem coagulação optaram por arriscar e esperar a hemorragia parar sozinha. Graças a Deus ela parou! Fiquei internada por vários dias, fiz transfusão de sangue e aos poucos me recuperei. Achei que o pior já havia passado!
Mola Hidatiforme: minha gravidez virou um câncer
O material recolhido do meu útero foi novamente para análise e, alguns dias depois, veio o diagnóstico: MOLA HIDATIFORME. “Uma mola hidatiforme desenvolve-se a partir de células que ficam depois de um aborto espontâneo ou de uma gravidez completa, mas na maioria dos casos surge a partir de um óvulo fecundado, que se desenvolve como um tumor anômalo independente (gravidez molar). Só em casos muito raros a placenta pode desenvolver-se anormalmente se o feto for normal. Mais de 80 % das molas hidatiformes são benignas. No entanto, 15 % invade o tecido que as rodeia (mola invasiva) e entre 2 % e 3 % dissemina-se por todo o organismo (coriocarcinoma)” (Fonte Manual Merck).
Bom, como 80% dos casos são benignos, comigo lógico que seria assim. Só que não! Continuei realizando os exames, e em apenas uma semana, a mola havia voltado do tamanho de uma bexiga do lado de fora do meu útero, e se transformado em um coriocarcinoma. Foi então aquela correria! Fiz duas tomografias e duas ressonâncias neste mesmo dia.
A ordem da médica de São Paulo, especialista no assunto, era : “Você precisa começar a quimioterapia amanhã”. Isso porque o coriocarcinoma poderia se espalhar rapidamente para o pulmão e para o cérebro.
Foi aquele choque na família! Como uma gravidez poderia se tornar um câncer maligno? Sim, isso era possível! No dia seguinte comecei a quimioterapia (setembro de 2013) e para minha surpresa eu tive uma segunda hemorragia interna. Mas, novamente, graças a Deus eu me recuperei bem.
Em novembro, a quimio que eu estava fazendo, considerada pelos médicos um pouco mais fraca, parou de fazer efeito. Tive então que mudar para uma quimio mais agressiva. Passei bem pelo tratamento e, em janeiro de 2014, tive meu tão esperado Beta HCG zerado.
No início de fevereiro de 2014, finalmente, fiz minha última sessão de quimioterapia. Hoje faço acompanhamento com exame de Beta HCG uma vez por mês, e durante 1 ano e meio ele precisa continuar com o resultado zerado. Posso tentar ter outro filho? Sim! Mas ninguém sabe ao certo quais seriam as chances de isso ocorrer novamente, então decidi não tentar.
Sou imensamente feliz e agradecida por já ter uma filha linda e um marido que esteve do meu lado em todos os minutos do tratamento.