Meu filho nasceu com 800g e ficou 2 meses na UTI
Evelyn Gouveia
Mãe de: Kayo (10 anos) e Manuela (3 anos)
♥ “Olha, é tenso! Não desejo isso pra ninguém”
25.07.2014 – Foi em 2006 que tudo aconteceu, meu filho nasceu com 800g e ficou 2 meses na UTI. Bom, essa história começou quando eu estava no último ano de turismo e eu era bem gordinha. Então resolvi começar a tomar aquelas “bombas” de remédios para emagrecer. Sim, eu estava emagrecendo! Nos finais de semana eu saia com a turma bebia, fumava… enfim, vida de faculdade! rs
Comecei a sentir ânsia e meio esquisita, mais como eu menstruava normalmente, não dei muita importância. Os dias foram passando e as ânsias não paravam, fui ao médico e prooooontooo, estava grávida. Para a minha surpresa ficar ainda maior, eu estava grávida de 4 meses e meio de um menino! Nossa, e agora ????? Como assim? Detalhe: eu ainda tomava anticoncepcional! Começou uma correria na minha vida!
Exames, ultrassom, retirada de liquido amniótico…Eu fiz tudo! Os médicos falavam que, devido a muitos remédios, o bebê poderia nascer com alguma deficiência. Entre todos os exames que tive que fazer, o do lÃquido amniótico foi o mais tenso. O resultado demorou 12 dias pra chegar e minha angústia não cabia dentro de mim… Mas no final estava tudo normal. Todos os exames estavam “ok” e eu estava mais aliviada.
Fui para o Guarujá passar o ano novo. Eu já era gordinha mas fiquei mais ainda pois eu estava inchando muito. Comecei a perceber que ia muito no banheiro, mas achei normal. No dia 5 de janeiro voltei da praia pois havia marcado o ultrassom 3D pra ver o meu bebê e foi nesse dia que mais um susto tomou conta de mim.
Entrei na sala, a enfermeira me preparou e o médico veio. Ele me olhou e disse “preciso falar com seu médico agora!”. Saiu da sala e ninguém me falava nada! Obviamente eu entrei em desespero, até que meu marido (pois os médicos já haviam conversado com ele) começou a falar aos poucos. Da sala de exame fui direto pra maternidade em Campinas pois o meu bebê estava enrolado pelo cordão umbilical e já em sofrimento fetal. Eu já estava com pouco lÃquido amniótico e a placenta estava envelhecida. Fui hidratada e me levaram para sala de parto. O meu médico liberou meu marido para entrar na sala mas não poderia tirar foto pois não sabÃamos se o bebê iria nascer!!! Mas graças a Deus, simmmm, ele nasceu!
Kayo Eduardo Gouveia Costa nasceu com 37cm e 800 gramas! Meu guerreiro, meu menino! Não pude vê-lo pois levaram direto pra UTI e ai meu sofrimento, e ao mesmo tempo a minha felicidade em saber que ele estava ali, foram de 2 meses intensivos. Das 08h as 20h, todos os dias.
“Olha, é tenso! Não desejo isso pra ninguém!”
Vi muitas coisas ali dentro. Uma das histórias me marcou muito! Na sala de UTI onde estava o Kayo, haviam mais 4 bebês. Um dia estava sentada ao lado dele e a bebê do lado, chamada Gabriela (simm bem ao meu lado) parou de respirar e o aparelho que fica ligado nos batimentos começou a apitar. Quando algo do tipo acontecia eles tiravam todos da sala. Mas como foi uma correria, nem viram que eu ainda estava ali. A menininha morreu do meu lado e a mãe dela, uma criança também de 16 anos, entrou para ver a bebê. Quando ela se aproximou do corpinho, um milagre aconteceu…Os batimentos da Gabriela voltaram! Eu senti uma mistura de medo, alegria, angustia, milagre. Foi mágico! Depois desse dia, passei mais 2 meses dentro da UTI. Assisti muitas coisas alegrias e tristes. Conheci mães que estavam lá há mais de 8 meses.
Graças a Deus o Kayo está aqui: lindo, saudável, perfeito e sem sequelas nenhuma. Ele é minha alegria. Ele tem uma música que titulamos como “dele” e acreditem, ele chora se escuta! É a música da Ana Carolina e seu Jorge “Eu não sei parar de te olhar”. Toda vez que eu ia pra maternidade de manhã tocava essa musica e, como eu não podia pegar ele, eu só olhava! Ele é meu guerreiro, meu pitbulzinho. Ninguém pode olhar pra mim que ele briga, rs! Essa é minha história bem resumida, mas é essa! É difÃcil e por isso deixo minha solidariedade, meu carinho e meu contato para todas as mães de UTI que passaram ou estão passando por isso! Pois eu fui uma mãe de UTI e sei a força que temos que ter… E temos!
Evelyn deu entrevista para o Mães Amigas na TV que teve veiculação no dia 26 de Julho. Assista abaixo:
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