Desabafo de uma mãe de dois: 1, 2, 3… surtei!

Desabafo de uma mãe de dois: 1, 2, 3...Surtei!

07.07.2015 – São 10h da noite de uma terça. Terça! O dia que meu marido vai jogar bola com os amigos e eu fico em casa com meus dois filhos. E hoje, eu surtei! Ergui a cabeça, dei um suspiro e gritei em tom mais alto do que o normal: “socorro, eu tô cansada!!!”. Olhei para o lado e vi o Miguel me observando com atenção. Ele estava com as mãos no ouvido, pois Murilo não parava de chorar. E ele deu uma risadinha. Percebi que tinha enlouquecido, e resolvi desabafar o meu dia por aqui, eu precisava falar com alguém e vocês foram as escolhidas para “me ouvir”.

Semana passada, Murilo ficou internado devido a uma bronquiolite de domingo a sexta. Foram cinco dias de uma experiência que não desejo passar de novo. Um quarto de hospital em um corredor que dividia enfermos de todas as idades, e absolutamente nada a se fazer, a não ser seguir com as regras e procedimentos do tratamento.

A cada quatro horas alguém batia na porta, e entrava, sem esperar minha resposta. Horas eram as enfermeiras, horas o médico, horas a moça da cozinha, horas a moça da limpeza, horas a moça da hotelaria, horas era engano.Depois vinha a moça do serviço de atendimento ao cliente e um novo turno começava o plantão. Perto das 23hs a limpeza pesada iniciava-se, e o barulho daquele trambolho lavando o chão me irritava. De quatro em quatro horas alguém vinha me lembrar que era necessário fazer a inalação, dar a medicação, medir a saturação. E quando Murilo estava quaaaase dormindo, depois de muitos minutos ninando, embalando, dançando todos os ritmos que eu conhecia, alguém entrava no quarto, sem se lembrar que falar baixinho e fazer pouco barulho era o mínimo que podiam fazer por mim, por nós.

Na última noite eu enlouqueci. Eram 23h, o Murilo a muito custo acabara de dormir, e a máquina inciara o seu trabalho. Uma pessoa que nem eu sabia que existia dentro de mim surgiu. Apertei o botão e chamei o enfermeiro responsável. Eu não queria nem saber, estava sem banho, sem dormir, sem fazer cocô, sem escovar os dentes, com o cabelo ensebado, a cara lavada e cansada pra chuchu.

Soltei minha angustia no pobre coitado e disse que naquela noite eu não estava nem aí, mas não faria a inalação da meia noite e muito menos as da quatro da manhã. Eu precisava dormir! E ele concordou. Respirei aliviada e desabafei em tom sereno! E ele concordou de novo. Ficamos amigos e ele autorizou as enfermeiras corujas a não baterem na minha porta até meu sinal. Às 7h eu era outra mulher. Às 9h eu tive alta! Ahahahaha

Depois de uma semana dando atenção somente ao Murilo, assim se passava na minha cabeça, eu me sentia em débito com o Miguel. E sinto até hoje, quatro dias após a alta, já que Murilo ainda precisa ficar em casa, sem frequentar à escola nesta semana.

Voltando ao dia de hoje, a terça, que tanto adoro! A casa está com aquela decoração, que somente as mães com filhos sabem. Miguel chega da escola com o pai, verde de fome. Eu queria muito dar atenção ao trabalhos que ele trouxe, mas não consigo, pois Murilo não para de chorar. Ele está com sono. Resolvo dar um banho e prepara-lo para dormir enquanto marido ainda está em casa. A ideia era Murilo dormir e depois eu ficar com Miguel. E ele dorme! Marido vai para o futebol.

No momento que eu sento no sofá com Miguel, para assistirmos o nosso filminho, Murilo acorda. E não é uma acordadinha, é o piti! Aquele choro que não entendemos ao certo o que é: peito, chamego, carinho, colo, dente ….não….ele apenas chora! Tento acalma-lo no escurinho do quarto e quando os olhos estão quase fechando Miguel me chama. Melhor, ele berra “Mãããããeeeee!!!” Murilo abre os olhos. Eu tento sinalizar de longe um “shiiiiuuuu” para o Miguel, e ele parece entender. #sqn claro! Em dois minutos ele está no quarto, escurinho, me chamando para fazer a pipoca que eu prometi fazer para ter aquele meu momento a sós com ele: filminho, cobertinha e pipoquinha. Murilo acorda, e chora. Eu sinto uma angustia!

São 9h da noite e eu ainda não tomei banho, não jantei, não coloquei os pés para cima. Resolvo deixar Murilo no berço, chorando, e dar prioridade para o Miguel. Vou fazer a pipoca. Mas ele não quer só a pipoca, ele quer que eu sente ao lado dele, juntinho, como prometi. E Murilo berrando. Eu pego Murilo e sento do lado do Miguel. Murilo está com sono, muito sono, e não para de chorar. Miguel diz que o choro do Murilo está fazendo o seu dente doer. (Pausa para rir!!!) E Murilo não para de chorar. E eu sei que minha energia está contagiando de forma negativa, mas eu não aguento, e surto! Deixo os dois no sofá, levanto e grito, como descrevi no primeiro parágrafo desse desabafo!

De nada adiantou, claro. Mas eu precisava soltar os bichos que estavam dentro de mim. Resolvo cuidar do Miguel primeiro. Falo para o Murilo que hoje ele ficará em segundo plano, e o deixo no berço chorando. Vou escovar os dentes do Miguel, colocar pijama (ele já havia tomado banho com marido antes do futebol) e vamos para o quarto. Ele me pede a oração, como todas as noites. Eu oro e digo que vou buscar o Murilo para ficarmos todos juntos, na minha cama. Murilo aceita o peito, Miguel abraça o anjinho e eu inicio uma nova oração. Minutos depois Miguel dorme. Murilo ainda reluta mas 20 minutos depois também dorme. Eu finalizo “…que assim seja com a graça de Deus. Amém!”

Boa noite meninas.
Obrigada por me ouvirem.
Amanhã será um novo dia, basta eles sorrirem!

 

E a história das MINHAS maquiagens que foram afogadas na privada?
Coisas do Miguel! Leia a matéria clicando aqui!

Por água abaixo!

Por água abaixo! Sim ele jogou minhas maquiagens!

 

Polyana também é mãe do Murilo, que nasceu prematuro, de 31 semanas.
Conheça a história da #pequenamuralha clicando aqui!

 

 

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Polyana Pinheiro

Escrito por: Polyana Pinheiro

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