Campanha incentiva doação de leite materno
23.05.2013
A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR) lançou ontem, 22 de maio de 2013, em Brasília, a campanha “Doe leite materno e ajude a mudar o futuro de muitas crianças”, para marcar a Semana Mundial de Doação de Leite Humano e incentivar brasileiras a intensificarem as doações.
Para ilustrar a importância do ato de doar leite humano, tanto na vida da doadora como na do recém-nascido, dois personagens de uma história real são representadas nas peças de divulgação da iniciativa – banners, folders, anúncios em revistas e redes sociais.
Há 42 anos, Ilza Pereira doou seu leite a João Marcelo Bôscoli, filho da cantora Elis Regina e agora, eles serão homenageados pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e pelo coordenador da Rede Brasileira e o Programa Ibero-americano de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR / IberBLH), João Aprígio Guerra de Almeida.
Por sua grande militância em prol do aleitamento e da doação de leite humano, a atriz Maria Paula Fidalgo será intitulada Embaixadora da rBLH-BR.
Doações no Brasil
Anualmente, o Brasil coleta mais de 160 mil litros de leite humano pasteurizado com qualidade certificada, que são distribuídos a mais de 175 mil recém-nascidos. Em 2013, aproximadamente 46 mil litros já foram coletados e entregues à cerca de 50 mil crianças.
O leite materno é essencial para proteger recém-nascidos porque alimenta e protege contra diarreia, infecções respiratórias, diabetes e alergias.
Para ser doadora
É necessário que a mulher seja saudável, amamente o próprio filho e produza uma quantidade excedente de leite.
As doações podem ser feitas tanto em casa (veja orientações abaixo), quanto nos bancos de leite, que geralmente possuem meios de transporte para retirar as doações nas casas das próprias voluntárias. Como o leite pode ficar congelado por até 15 dias, é possível juntar uma semana de leite materno e solicitar a retirada no Banco de Leite mais próximo.
Na região de Campinas, a mãe deve ligar para o Banco de Leite da Maternidade de Campinas pelo telefone (19) 3306-6039 para efetuar triagem e preenchimento de um cadastro, além do agendamento da primeira visita domiciliar, quando a doadora fornecerá o cartão de pré-natal e/ou exames e feitos durante a gestação irá receber o kit de doação. Semanalmente, o Centro irá até a casa da doadora deixar o kit de doação e recolher os frascos com leite.
Mães amigas também doam leite
“No terceiro dia, o meu leite desceu. Olhei no espelho e parecia que tinham implantado duas bolas de basquete em mim. Uma sensação estranha, me sentia pesada. Mas agradeci pelo fato de poder ter leite. Meu filho engasgava em todas as mamadas, o leite vinha em jatos fortes e me lembro de ouvir seu “glup glup” engolindo rapidamente o seu alimento. Mesmo assim, amamentando de 3h em 3h, o leite que eu produzia era em excesso. Minhas mamas começaram a inflamar e a doer. Me indicaram ir ao banco de leite, e lá me recomendaram a “ordenhar” antes das mamadas para que eu não tivesse mastite. (Eu tive! E sofri! Mas esse será um outro post.) De fato, a palavra “ordenhar” nos faz sentir literalmente uma vaca leiteira. rsrsrs. Enfim, a gente acostuma e aprende a ordenhar! E eu, em TODAS as mamadas ordenhava os meus próprios peitos. Ops, mamas! rs. Meu organismo se acostumou aos horários do Miguel e eu me lembro de acordar antes dele. Era o tempo suficiente de lavar as mãos, prender os cabelos e “ordenhar” o excesso do leite e, logo em seguida, como se o despertador tocasse, ele acordava para mamar tranquilamente. Mas, e esse excesso?! Eu armazenava para o Banco de Leite! Juntava pouquinho por pouquinho (em média uma tampa da mamadeira da Nuk grande) e colocava no frasco doado pelo Banco de leite. Levava ao congelador, que aguardava o próximo pouquinho, para se juntar ao frasco, até encher. Com isso eu armazenava um frasco por semana. O Banco de leite vinha retirar na minha casa e eles me entregavam um novo frasco. E nessa eu consegui doar 10 frascos de leite. Sei que ele serviu como alimento para muitos bebês prematuros e espero de coração que eles tenham ganho o peso suficiente, assim como meu filho ganhou! Com certeza, se eu tiver outra oportunidade de doar, farei tudo de novo. É mais fácil que muitas imaginam e não diminui a produção do nosso leite! Acredite em você, fique tranquila, beba muita água, descanse (sempre que possível! rs) que o leite vem! Se você está amamentando e possui muito leite nesse início, doe!!! Um pouquinho desta atitude pode fazer a diferença para outro bebê, para outra mãe! Corrente do bem! Pense nisso. Nós, doadoras, salvamos vidas!” – Mãe Amiga Polyana Pinheiro
“Eu doei leite por 3 meses e iniciei quando o Davi tinha apenas 1 semana. Fiz o cadastro no banco de leite e, a partir, daí toda semana o motorista vinha buscar os frascos! É uma sensação maravilhosa de ajudar! Doação de leite é doação de amor!” – Mãe Amiga Camila Catacci Braga
“Eu doei leite quando minha filha tinha 1 mês: tive mastite. Percebi que tinha leite demais e comecei a doar, doava toda semana até ela completar uns 4/5 meses e minha produção ficar regular com a demanda. Era meio trabalhoso, ferver os copos, colocar toca no cabelo, máscara, lavar o braço pra cima do cotovelo, ordenhar manualmente (o negócio não rende… rss) tudo pra fazer do jeitinho que o banco de leite pedia. Foi bom saber que eu tava ajudando alguns bebês e, pra mim também era bom, pois meu peito não empedrava mais.” – Mãe Amiga Paola Queirós
Se você também doou leite, deixe um comentário no final desta matéria. Queremos saber como foi!
Saiba como doar
Prepare o frasco para a coleta:
– Escolha um frasco de vidro com tampa plástica, pode ser de café solúvel ou maionese;
– Retire o rótulo e o papelão que fica sob a tampa e lave com água e sabão, enxaguando bem;
– Em seguida, coloque em uma panela o vidro e a tampa e cubra com água, deixando ferver por 15 minutos (conte o tempo a partir do início da fervura);
– Escorra a água da panela e coloque o frasco e a tampa para secar de boca para baixo em um pano limpo ou toalha de papel;
– Deixe escorrer a água do frasco e da tampa. Não enxugue;
– Você poderá usar quando estiver seco.
Prepare-se para retirar o leite:
O leite deve ser retirado após o bebê mamar ou quando as mamas estiverem cheias. Ao retirar o leite, é importante seguir algumas recomendações:
– Escolha um lugar limpo, tranquilo e longe de animais;
– Prenda e cubra os cabelos com uma touca ou lenço;
– Evite conversar durante a retirada do leite ou utilize uma máscara;
– Lave as mãos e antebraços com água e sabão e seque em uma toalha limpa.
É ideal que o leite seja retirado de forma manual:
– Primeiro coloque os dedos polegar e indicador no local onde começa a aréola (parte escura da mama);
– Firme os dedos e empurre para trás em direção ao corpo;
– Comprima suavemente um dedo contra o outro, repetindo esse movimento várias vezes até o leite começar a sair;
– Despreze os primeiros jatos ou gotas e inicie a coleta no frasco.
Caso tenha dificuldade para retirar o leite, procure o Banco de Leite Humano mais próximo. No começo parece dificil, principalmente para pegarmos o jeito, mas depois, ordenhar manualmente fica fácil!
O frasco com o leite retirado deve ser armazenado no congelador ou freezer. Você pode retirar em etapas, mas é importante que marque no frasco a data da primeira retirada. Por exemplo: Você retirou 30ml e colocou no frasco. Anote na fita crepe a data dessa primeira retirada, e cole no vidro do frasco. Guarde no freezer. Na próxima retirada você abre o frasco e coloca mais 50ml. Tampa e volta para o freezer. Até encher. Se precisar de novos frascos solicite ao banco de leite ou esterelize um novo recipiente. O leite pode ficar armazenado congelado por até 15 dias. Na geladeira ele dura apenas 24h.
Outros benefícios da ordenha de leite
Além dos benefícios que a doação de leite materno proporciona aos recém-nascidos, a pediatra Silvia Castilho também fala sobre outras razões para se ordenhar o leite:
– Aumentar a produção de leite ou mesmo para manter a lactação.
– Manter a pele saudável, massageando algumas gotas de leite materno nos mamilos.
– Abrandar o ingurgitamento mamário (quando o leite sai espontaneamente).
– Tornar mais flexível a região do mamilo e da aréola, para facilitar a mamada pelo bebê.
– Retirar leite para oferecer ao bebê que não pode ser amamentado.
– Armazenar leite para oferecer ao bebê quando a mãe retorna ao trabalho ou precisa se afastar por um tempo.
– Auxiliar no tratamento de mastite.
Fontes:
– Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz)
– Ministério da Saúde
– Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria