UNIVERSO POLYANA: Um salto de paraquedas, para o infinito e além!
26.05.2015 – Quando eu fiz 27 anos, meu marido me presenteou com um salto de paraquedas. Se eu queria? Não! Mas achei inusitado e aceitei o presente, ou melhor, o desafio. Rs! Na verdade eu só descobri o que era quando cheguei ao local. Na época éramos noivos. Acordamos em um lindo sábado de sol, digno para comemorar um aniversário, então ele vendou meus olhos até Boituva, no Azul do Vento. Com cara, coragem e cagaço eu saltei! Adrenalina pura, cheia de emoção, algo que jamais faria de novo!
Um salto de paraquedas, para o infinito e além!
Meu pai ficou uma fera! Ele me ligou para me parabenizar pelo meu dia e meu marido, então noivo, disse que eu estava saltando! Foi um bafafá na época. Mas ok, depois de muitas horas, passou o mal entendido e o stress. Infelizmente 6 meses depois meu pai faleceu. Nunca mais tive a oportunidade de passar um aniversário com ele, e por essa razão, inconscientemente, acho que jamais faria isso de novo.
No dia em que recebemos a notícia de sua morte, muitos amigos e parentes marcaram presença na casa dos meus pais. Atenção, carinho, solidariedade é o que não faltava naquela fria e inesperada noite de novembro. Sentei-me no sofá, ao lado meu tio, um senhor muito querido, mas distante do nosso dia a dia. Eu claro, estava muito triste, abadala, quando do nada ele inicia uma conversa comigo:
– Sabe filhinha quando eu era mais novo, mais ou menos da sua idade, eu saltei de paraquedas, sabia?
Eu olhei assustada, do tipo:
– Tio, porque você está dizendo isso?
E ele:
– Não sei me deu vontade!
E ele me contou a historia do seu inusitado salto de paraquedas…e eu fiquei escutando, ou fingindo que escutava, sem entender como uma pessoa que eu praticamente nunca vejo pode, do nada, falar sobre um assunto que mexe tanto comigo!
A mesma sensação tive semana passada, quando tirei o Miguel do banho e o coloquei no trocador, sentadinho, já que com a chegada do Murilo, muitas vezes ele me pede para “fazer igual” ao irmão. Estava ali secando o meu pitoco, quando do nada ele solta “Mãe, faz de conta que eu vou saltar de paraquedas aqui tá bom?!”
Por alguns segundos meu coração disparou. Depois eu contei que “a mamãe já havia saltado de paraquedas” e ele, claro, quis saber mais detalhes e assistir ao vídeo que eu comentei ter. Na primeira vez que Miguel assistiu ao meu salto, seus olhinhos brilharam, como se dissessem “uau…minha mãe pode voar”…Ele não tirava os olhos do vídeo… Até soltar:
– “Mãe eu quero saltar de paraquedas também”
Por uns segundos eu ri, depois eu disse que só adultos podiam saltar, e por último fiquei com vontade de chorar. Finalmente eu entendera o sentimento do meu pai, no peito, bem afundo. Quando meu tio Hélvio, do nada, me contou sobre seu salto, o meu sentimento foi de perdão. Parecia que meu pai estava ali, soprando em seu ouvido, de alguma forma, como se dissesse “Filha esquece aquela história, eu não fiquei bravo por maldade.”
Já quando Miguel disse que queria saltar, eu percebi que um dia meu filho será do mundo, e que, provavelmente, muitas das minhas vontades, um dia, podem não ser as vontades dele.
Maio é o mês do meu aniversário. Com 27 anos tive a última comemoração ao lado do meu pai, em vida. Eu chateada e ele se esforçando, como sempre, para fazer o meu dia feliz. Oito anos depois, resgatar essa história, através do meu filho, me fez enxergar uma nova perspectiva daquele momento.
E meu pai, estando ou não por trás disso, o que eu mais desejava era poder abraça-lo! Mas daqueles abraços bem apertados, que não queremos soltar jamais!
Eu te amo pai! Até o infinito….e além!
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