Por que não carregar de frente para o mundo?

11.09.2019 – Com a popularização dos carregadores de bebê e benefícios comprovados – entre eles o de permitir que o bebê fique na posição vertical após as mamadas -, os slings vêm ganhando cada vez mais adeptos no mundo. Além da praticidade, eles estreitam os laços entre pais e filhos. Você sabe por que não deve carregar o seu filho virado para frente?

Convidamos uma assessora de babywering para falar mais dese assunto. 

 

Marina Bonsch é mãe do Aruk, bailarina, pedagoga e educadora física. Trabalha como professora de dança, de pilates e como assessora de babywering.

 

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Oficina de Sling na Casa Mães Amigas dia 08 de novembro das 14h às 17h.

 

Por que não carregar de frente para o mundo?

A primeira explicação que damos sobre não carregar de frente para o mundo, com as costas apoiadas no corpo do adulto que carrega, é baseada nos estudos de ergonomia. Na ergonomia, ciência que estuda as relações corporais entre homem e trabalho executado, busca-se segurança, eficácia, saúde e conforto.

Quando aplicada ao babywering (termo utilizado para a ação de carregar bebês em porta bebê) observa-se o conjunto adulto-bebê, o carregador e a ação a ser executada.

O bebê, quando ainda muito pequeno, apresenta uma postura mais enrolada, como uma bolinha, aquela que se convencionou chamar de posição fetal (posição que inclusive nós adultos nos sentimos confortáveis, acolhidos) e que aqui chamaremos de posição ergonômica. Em um porta bebê é importante manter essa posição para não gerar posturas inadequadas e tensões desnecessárias e potencialmente prejudiciais para o pequeno.

Quando colocar no porta bebê ergonômico, garantindo um assento amplo de um joelho a outro e ajustes adequados ao longo das costas, o peso do bebê será bem distribuído entre pernas, bacia, costas e a posição ergonômica estará garantida. Colocando o colocar de costas para o adulto que o carrega, a posição ergonômica fica prejudicada e o peso do bebê tende a recair sobre a pelve, pois é muito difícil oferecer o suporte de um joelho a outro. Mesmo os modelos com uma espécie de banquinho, eles não dão apoio necessário para as costas da criança, novamente deixando o peso recair sobre a pelve e possivelmente levando o bebê a uma postura com a curvatura lombar aumentada, potencialmente prejudicial.

Quando pensamos no conjunto adulto-bebê como formas geométricas, vemos que a parte “bebê” tem uma forma mais côncava na parte da frente do seu corpo, que é a posição ergonômica e a parte “adulto” tem diversas formas convexas. Assim, para uma melhor eficácia, o bebê de frente para o corpo do adulto proporciona um melhor encaixe para formar uma unidade.

O bebê de costas para o adulto não consegue manter a posição ergonômica, pois além de não ter apoio necessário tem as formas convexas do adulto sendo pressionadas contra sua forma convexa. Quando observamos um conjunto adulto-bebê com a criança de frente para o mundo não vemos uma unidade, vemos um corpo com um anexo.

Marina e Aruk com sling

Foto: Luz de Gaya Fotografias

Campo emocional

Outra questão que podemos observar é no campo das emoções. Por mais que os bebês gostem de olhar o mundo e sejam curiosos, eles adoram um colo, contato e aconchego. Quando está de frente para o corpo do adulto, o bebê em momentos de atividade e curiosidade, move a cabeça para os lados e conta com a ajuda do adulto para conseguir observar algo, se ele se cansa pode facilmente descansar a cabeça, ouvir a respiração e batimentos cardíacos do adulto que o carrega e pode buscar conforto e acolhimento nesse colo caso se assuste ou tenha algum medo. É também muito mais fácil estabelecer contato visual e uma comunicação nesta posição. De costas para o adulto o bebê tem um maior campo visual, mas não tem esse conforto e aconchego, nem a troca fácil de olhar com quem o carrega.

Estímulos

Quando de frente para o adulto, toda informação e estímulo do meio que chega ao bebê, chega com uma espécie de filtro, que é essa interação com o adulto. De frente para o mundo o bebê recebe toda essa informação antes que o adulto, sem nenhum tipo de filtro ou troca com quem o carrega.

Ainda não existem muitos estudos acadêmicos diretamente relacionados ao babywearing, mas é possível buscar informações de outras áreas e aplicar ao uso dos porta bebês.

Quais os prejuízos de carregar de frente para o mundo?

No aspecto do desenvolvimento motor, os riscos são os mesmos que carregar num porta bebê não ergonômico. A má distribuição do peso pode sobrecarregar estruturas que ainda estão em desenvolvimento e não estão preparadas para tal carga. No aspecto emocional, tem a falta do contato direto. Para o adulto pode representar risco ergonômico, pois não cria uma unidade.

Por que então alguns carregadores vêm com instruções de como usar de frente para o mundo?

Infelizmente existem muitas marcas de porta bebês que se dizem ergonômicos e não são, se observarmos principalmente a posição ergonômica. Da mesma forma, diversos fabricantes indicam o uso com o bebê de frente para o mundo como seguro, mas com os aspectos descritos acima teremos outra opinião. Na dúvida, consulte uma assessora.

Texto escrito por Marina Bonsch.

Revisado por Madame Conteúdo.

 

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