Parto normal após cesárea: verdade ou mito
25.10.2013 – No Brasil, no século XXI, vivemos, por diversas causas, um elevado percentual de cesarianas. Consequentemente, observa-se também aumento do número de jovens mães, cujo primeiro filho nasceu por cesariana, pensando em sua segunda gravidez!
Nesta hora, seja lá por qual o motivo individual, uma pergunta é comum e nunca se cala:
“Posso tentar um parto normal depois de ter passado por uma cesariana?”
A resposta é SIM, é possível, sim, ter um parto normal após a cesariana!
O medo que envolve o tema vem desde lendas e crenças maternas até receios da própria equipe técnica profissional.
Durante quase 15 anos, o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia apresentou o Parto Normal Após Cesariana (PNAC) como procedimento de gestação de alto risco. Entretanto, diversas evidências científicas colhidas nesses últimos anos fez este mesmo Colégio rever seu posicionamento, resultando em uma atualização de seu guideline sobre o assunto em julho de 2010 para: “Estimular o parto PNAC é uma medida segura e apropriada para a maioria das mulheres que passaram por um parto de cesárea prévio, incluindo algumas mulheres com histórico de duas cesarianas prévias.”
O risco do qual estamos nos referindo é o da ruptura da cicatriz uterina reminiscente da incisão cirúrgica da cesariana prévia sobre a parede do útero.
Análises de casuística estimam que o risco não atinja 0,5% e está associado a vários outros fatores.
Entre os casos onde ocorre a temida ruptura uterina durante o trabalho de parto, o evento pode adquirir grande magnitude culminando um risco de aproximadamente 6% de morte perinatal e materna.
Fatores complicadores para o PNAC:
– Bebê com peso estimado elevado (> 4 Kg).
– Gravidez prolongada, que passa da data provável para o parto.
– Gemelaridade.
– Tipo de cicatriz uterina prévia.
– Presença de outras cirurgias prévias na extensão da parede uterina.
– Mais de uma cesariana anterior.
– Outras doenças materno-fetais associadas.
– Idade materna maior que 40 anos.
– Mal posicionamento fetal para o parto.
– Cesariana anterior muito recente (< de 18 meses).
Vale lembrar que, ao se evitar a cesariana repetitiva, evita-se também inúmeras complicações, tais como: aderências pélvicas, risco de lesões cirúrgicas da bexiga, sangramentos excessivos, infecção, internação prolongada, internações em UTI e graves problemas com a implantação da placenta nas gravidezes subsequentes.
Evidencias científicas estimam que, após a terceira cesárea, aumenta-se para quase 60% o risco de Placentas Prévias, ou seja, placentas que se alojam no caminho do bebê, impedindo o parto normal, causando hemorragias durante a gravidez e o trabalho de parto, e das Placentas Acretas, placentas que não se desgrudam do útero após o parto, levando à necessidade até da extração uterina de urgência, com consequente perda definitiva da fertilidade.
Assim, confirmamos que você pode ter um parto normal mesmo já tendo passado pela cesariana, basta querer!
Leia um relato emocionante da Mãe Amiga Maria Carolina Sae, que teve um parto normal após cesárea. Bom parto!!!