Aos dois anos minha filha precisou de transplante, o pai foi o doador

Aos dois anos minha filha precisou de transplante, o pai foi o doador

27.09.17 – Estávamos vivendo um momento muito especial em nossa família: nossa primogênita, Lívia, estava fazendo aniversário, linda, cheia de saúde, alegre, sapeca e eu estava grávida de 6 meses da nossa segunda filhota, a Bruna. Tudo seguia conforme nossos planos, perfeito e tranquilo… Até que aos dois anos minha filha precisou de transplante, o pai foi o doador.

Aos dois anos minha filha precisou de transplante, o pai foi o doador

 

Elizângela Lizardi de Souza
Mãe da Lívia 6 e da Bruna 4
♥ “Os médicos explicaram que tentariam ‘reanimar’ o fígado dela por 3 dias e que, se não tivesse efeito o transplante seria necessário. Foi o momento mais difícil da minha vida”

 

Descobrindo a Hepatite

No dia do aniversário de 2 anos da Lívia, minha mãe me alertou que tinha notado os olhos dela meio amareladinhos. Naquele momento não me importei muito, pois a Lívia estava ótima, mas mesmo assim liguei para a pediatra.

Tivemos que leva-la ao PS pois a pediatra não tinha horário. O médico que nos atendeu, a princípio, estranhou o relato, o sintoma era muito sutil. Mas, após os exames foi confirmado, a Lívia estava com Hepatite e ainda não sabíamos qual.

O médico indicou procurarmos uma pediatra e nos avisou que teríamos “uma certa dor de cabeça com isso”, completou dizendo que como eu estava grávida e era uma doença contagiosa seria melhor evitar o contato direto com minha filha. Foi assim, vago e assustador. Meu chão se abriu.

Passei aquele dia fazendo pesquisas na internet, sem saber que ajuda médica procurar, Infectologista? Hepatologista? Gastro? Uma amiga do trabalho me ajudou nessa busca e me passou vários contatos. Consegui agendar horário com um Gastro, ele sugeriu hepatite A e pediu repouso.

Iriamos repetir os exames no final de semana, foi quando os outros sintomas começaram a aparecer. Rapidamente Lívia passou a apresentar inchaço em todo o corpo, sonolência por longos períodos, falta de apetite, vômitos e episódios de dor em que ela se atirava ao chão se contorcendo por 10 a 15 minutos. Como ela ainda falava muito pouco, não conseguia explicar o que doía, só chorava muito. Eu estava angustiada, os sintomas estavam se agravando e a minha sensação era de impotência.

Consegui marcar pediatra com ajuda da minha chefe e fomos. O que deveria ser apenas uma consulta tornou-se uma internação na UTI! Uma dezena de médicos reunidos em nossa frente discutiram o caso da minha filha e foi nesse momento que lançaram, pela primeira vez, a palavra transplante!

Minha filha precisaria de um transplante!

Os médicos explicaram que tentariam “reanimar” o fígado dela por 3 dias e que, se não tivesse efeito o transplante seria necessário. Foi o momento mais difícil da minha vida. Desesperador!

Mas éramos uma família de fé, e, por mais que tudo aquilo parecesse o fim do poço, em nossos corações sentíamos uma ponta de esperança. Eu e meu marido rezamos juntos, pela nossa filha, sua vida. Rezamos para que Nossa Senhora não permitisse que sentíssemos o que ela sentiu quando viu seu Filho morrer na cruz.

Logo após a oração, mais confiantes, recebemos a ligação da médica dizendo que havia conseguido uma vaga para a Lívia ser transferida para São Paulo, no Instituto da Criança da USP para a realização do transplante. E o que era para ser a noite mais terrível de nossas vidas, sentimos uma rara calma. Tamanha calma que os médicos, a todo momento, nos questionavam se sabíamos a gravidade do problema. Sentíamos pela primeira vez, dentro desse tumulto, a presença de Deus na nossa vida.

A Lívia se tornou a primeira na fila nacional de transplantes, devido à sua gravidade, mas como a chegada de um órgão compatível era totalmente incerta e o procedimento era de máxima urgência cogitaram a hipótese do meu marido ser o doador, já que eu estava descartada por estar grávida.

Meu marido seria o doador

Agora, além da lívia, meu marido também fazia exames. A compatibilidade do fígado foi confirmada e iniciaram as preparações para a cirurgia. O mais surpreendente de toda essa história foi de como o Marcel, meu marido, estava completamente saudável nesse dia.

Um ano antes de tudo isso ele pesava 130kg e tinha uma vida nada saudável. De maneira espontânea optou por mudar seus hábitos pois tinha medo de não ver a Lívia crescer. Ele foi o tempo todo uma pessoa muito determinada, fizesse chuva, sol ou frio, lá estava o Marcel acordando às 5 horas da manhã para correr. Mal sabíamos nós que todo esse esforço do Marcel nada mais foi do que uma preparação divina. Acreditamos muito nisso!

A cirurgia aconteceu apenas dois dias depois de nossa chegada pois a situação era grave. Foram 12 horas de cirurgia com uma equipe médica com cerca de 20 pessoas, verdadeiros anjos. Nesse momento pude ver que isso é muito mais que profissão: é sacerdócio. Serei eternamente grata a esses profissionais!

Vencemos a hepatite e ainda ganhamos a Bubu!

O diagnóstico da doença da Lívia só veio depois da cirurgia: Hepatite autoimune fulminante, uma doença bastante rara, especialmente em crianças.

Foram 2 meses de internação e 2 cirurgias. Muita luta, muitas provações, mas vencemos, graças a Deus! Voltamos para casa e logo Bruna, mais conhecida como Bubu, veio ao mundo para alegrar ainda mais nossas vidas.

Fazem 4 anos que Lívia passou pela cirurgia e hoje ela vive uma vida normal, vai à escola, brinca, faz bagunça e o melhor: é extremamente alegre! Nosso cuidado é apenas com a alimentação e com os remédios que evitam a rejeição do novo fígado.

Claro que, tudo isso que passamos não foi fácil, mas se não fosse a fé, as orações de tantas e tantas pessoas, inclusive desse Grupo lindo, não estaríamos aqui para contar essa história de sucesso e superação, que muito contribuiu para tornar minha família ainda mais unida!

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