Meu filho só fala cocô, xixi e bunda, como lidar?
21.10.2015 – Crianças experimentam o tempo todo, como tudo é novo para elas, são atentas e boas observadoras dos acontecimentos ao seu redor. Das diferentes formas de se aprender sobre o mundo, a observação e a imitação são as mais presentes no universo das crianças.
Meu filho só fala cocô, xixi e bunda, como lidar?
Elas observam atentamente as reações que seus comportamentos geram nos outros e em si mesma. Observam tanto como você age, como o que você fala – e é por isso que os bons exemplos não devem ser só verbais, do famoso tipo “faça como eu falo, mas não faça como eu faço…”. Observam a reação que os outros têm depois que falam, ou fazem algo novo…
“Quanto maior a reação da plateia, mais a criança usa algumas palavras”
Basta imaginar o que acontece, do ponto de vista da criança, quando ela diz algo parecido com “mamãe” pela primeira vez: a mãe vai reagir claramente, pode sorrir, pegá-la no colo, bater palmas, chorar, chamar outras pessoas para ouvirem e repetir mais dezenas de vezes “mamãe!!!”. A criança sorri e a observação dela da mudança no comportamento da mãe como consequência de sua fala é forte o suficiente para que ela volte a repetir “mamãe” e assim produzir mais atenção da mãe.
Desta forma, quanto maior a reação da plateia, mais a criança usa algumas palavras, também, quanto menor o impacto, menos provavelmente ela usa determinadas palavras. E assim vai se formando o repertório verbal, com o fortalecimento de algumas palavras que ficam, por serem mais valorizadas, ou por terem um efeito importante sobre o outro – do tipo “dá!” e ter o pedido atendido – enquanto outras que acabam sendo menos valorizadas, menos usadas, ou até esquecidas.
“Se você não der muita atenção, provavelmente essas verbalizações se enfraqueçam”
Quando começam a falar, perto dos 2 anos, as crianças ficam mais sob controle dos efeitos de sua fala, do que sobre seu significado, assim, se você demonstrar expressão de desinteresse, não der grandes explicações, se não falar muito sobre o assunto, não fizer cara de reprovação, ou seja, se você não der muita atenção, provavelmente essas verbalizações (“cocô”, “xixi”, “bunda”) se enfraqueçam, ou se restrinjam à situações em que são funcionais, como “fiz xixi”.
Se seu filho usou uma palavra feia, ou palavrão e você nunca diz isso, ele pode ter ouvido em algum lugar, alguma outra criança, na televisão, enfim… não precisa explicar o que significa. Nesses casos, também vale dar pouca atenção, o problema é que nem todo mundo vai agir assim, caso outra pessoa, ou criança reajam, comentando ou rindo,já é o suficiente para seu filho perceber o “efeito” e o “poder” dessas palavras e voltar repeti-las, então explique de forma simples, clara e firme que ele não deve usá-la. Mas, claro, caso essas palavras apareçam com frequência na presença da criança essa regra tem pouco, ou nenhum efeito. É necessário, então, organizar o ambiente para prevenir isso!