Gêmeos e amamentação exclusiva? Como?

Mariana amamentando seus gêmeos

04.09.2019 – Vida com um bebê já é desafiante, com gêmeos a tranquilidade pode passar longe durante os primeiros meses. Com a amamentação não é diferente. A gente sabe que não é fácil, mas nunca é demais reforçar que o principal para dar tudo certo é manter a calma.

 

Hoje compartilhamos a história da mãe amiga Mariana Flávia de S. T. Braga, assistente social especialista em Serviço Social em Psiquiatria e Mestre em Saúde Mental.

Mãe dos gêmeos Leonardo e Murilo de 8 meses e meio.

Instagram. 

 

 

A vida de uma mãe de gêmeos

Dia 15/06/19 foi um dia muito especial para mim. Meus gêmeos completaram 6 meses de vida!

Seis meses intensos que entre tantas vivências boas e outras desafiadoras, uma foi realmente especial: consegui amamentá-los exclusivamente no peito nesse período. Sem uma gota de água, de suco, de chá ou qualquer outra coisa! Foi só peito, só no peito! Foi tão lindo, tão gostoso! E também tão cansativo, exaustivo mesmo. Cheguei a pensar que não daria conta…. Cada dia era uma vitória!

Ah! Só para constar, ao nascerem, os meninos precisaram ficar internados por 5 dias na unidade semi-intensiva devido à idade gestacional (parto prematuro de 34s5d) e lá foram alimentados muitas vezes por leite artificial (LA). 

Meus príncipes e a primeira amamentação

Leonardo nasceu às 12h09, com 2,110kg e Murilo nasceu às 12h13 com 2,555kg. Neste momento mais extasiante da minha vida, pude ficar com eles por breves minutos, pois precisavam dos cuidados necessários e eu não pude amamentá-los. Só fui tê-los em meus braços novamente por volta das 22h do mesmo dia. Parecia uma eternidade! Como queria sentí-los e dar o meu “tetê”! A próxima mamada seria somente às 23h, mas as enfermeiras sentiram o quanto eu queria e autorizaram a começar um pouco mais cedo. Foi incrível! Murilo pegou facilmente o peito e foi mamando lindamente. Precisei de ajuda para acertar a pega, para ver se ele estava realmente mamando e não só “chupetando”. Já com Leonardo não foi tão fácil… Ele desde sempre já mostrando que as coisas são em seu tempo, não queria mamar, tínhamos que tirar a roupa para estimular. Ficava praticamente 50 minutos no peito, para no fim ser alimentando na mamadeira por fórmula. Assim não perderia peso e quem sabe vir logo para a nossa casa.

Gêmeos Leonardo e Murilo da mãe amiga Mariana Flávia de Souza Tursi Braga

Gêmeos Murilo e Leonardo.

Meu preparo de corpo e alma

Mesmo tendo uma cesárea humanizada com minha querida médica Dra. Juliane, eu tive um pós-operatório mega dolorido, tive anemia, e não tinha condições de ir até lá amamentá-los a cada 3 horas. Ou seja, entra fórmula de novo!

Durante a gestação, fui me preparando para este novo momento da maternidade e principalmente para a amamentação que era algo que eu desejava muito. Por ser gravidez gemelar, sabia das dificuldades, mas também sabia (e acreditava) que era possível. O que aprendi na terapia e me tranquilizava era o mantra: “O MELHOR LEITE PARA OS MEUS FILHOS É O QUE ALIMENTA”.

Leite para dar e doar

Eu estava cheia de leite e louca para amamentar. Já tinha lido sobre ordenha, banco de leite, mas na prática não sabia como funcionava. Depois de muito pedir na maternidade (meu peito chegava a doer de tão cheio), me encaminharam para o banco de leite, onde fazia a ordenha e pedia para dar o leite para o Leo já que o Mu sempre teve “boca de peito”.

Na alta, receitaram leite artificial para os meninos:

“mãezinha, é muito difícil amamentar gêmeos! Quase impossível, vão passar fome. Compre a fórmula”.

Eu estava no Einstein e escutei isso!!! Se em um hospital de referência ouvi isso, imagine o quanto e como a informação chega por aí? Afinal quem acredita que uma mãe de gêmeos dá conta de amamentar exclusivamente no peito? Luiz (meu marido) e eu jogamos a receita fora e seguimos com nosso plano de tentar até onde fosse possível. Nós queríamos pelo menos ter a possibilidade de tentar e, caso não conseguíssemos, aí sim usaríamos o LA (leite artificial) com verdadeira indicação.

Nosso pediatra, Dr. César, também nos apoiou desde o início, mesmo quando Léo não estava ganhando o peso necessário. Disse para não ficarmos preocupados por estarem abaixo da curva de peso. Nesse momento era importante ele aprender a mamar e não perder peso. E assim fomos acompanhando semana a semana.

Ajuda mais que bem-vinda

Chegou na nossa vida, a Evilla, uma babá que já havia trabalhado em maternidade e tinha experiência com gêmeos. A participação dela foi fundamental para eu conseguir acertar a pega correta da mamada e consequentemente não ter fissuras, para perceber que eles estavam efetivamente mamando (ficar grudado no peito por horas não significa que eles estão de fato se alimentando), para cuidar deles para que eu pudesse descansar, afinal amamentava a cada 3 horas. 

Mãe amiga Mariana Flávia de Souza Tursi Braga

Mariana Flávia de Souza Tursi Braga, mãe dos gêmeos Leonardo e Murilo.

Quase desisti

E foi assim no primeiro mês. No segundo, teve um dia em que pensei em desistir, mas ao olhar para eles mamando, não tive coragem. No terceiro, pensei que não teria leite suficiente (depois descobri a “crise dos 3 meses”). Depois que sobrevivi ao salto de 4 meses, tudo é possível rs. Daí chegar aos 6 meses amamentando exclusivamente no peito foi “fácil”. Agora estamos com 8 meses e as mamadas estão ficando mais gostosas. Aos poucos, tudo foi se encaixando. Aprendi desde o início a amamentar os dois ao mesmo tempo; faço isso quando estou com pressa ou quando eles estão com fome, mas prefiro amamentar separado oferecendo o meu melhor para cada um, no seu tempo, no seu ritmo. Amamentar foi virando parte desse nosso novo universo e eu não quero mais parar. Tive que abrir mão de algumas coisas, mas não me arrependo de maneira alguma. Temos um vínculo só nosso.

O cansaço não pode tomar conta

E é claro que também foi difícil sim, porque é sim cansativo, porque às vezes só o peito os acalma (inclusive ao mesmo tempo), porque a gente fica sem dormir, porque a gente se cobra muito, porque o tempo inteiro tem alguém para falar que a gente não dá conta, que a gente precisa dar fórmula para eles dormirem a noite toda, que o nosso leite é fraco ou insuficiente. Dão mil motivos para nos desmotivar. Se estamos vulneráveis, cansadas, a possibilidade de ceder é muito grande. Não faça isso! Apoie uma mãe, seja rede de apoio.

Apoio é fundamental

Se eu consegui amamentar exclusivamente até os 6 meses, foi porque tive total apoio do meu marido. Só tenho a agradecer ao Luiz por acreditar, apoiar, oferecer meios para eu conseguir e não me deixar desistir quando achei que não daria conta. Por me acordar quando o sono e o cansaço falam mais alto. Por estar ao meu lado e acreditar que sou uma mãe incrível. Por ser um pai presente e participativo. Agora a nossa meta é amamentar até 1 ano, depois quem sabe 2 e então até quando eles quiserem.  

Me sinto realizada de conseguir dar o meu melhor nesse primeiro início de vida dos meninos. Pude dar o melhor alimento para eles. Ainda tenho muito a aprender, muito a ensinar. Temos uma vida inteira pela frente e espero poder continuar dando e fazendo o meu melhor para eles, que vai muito além da amamentação. 

Faça o seu melhor

Cada mãe sabe das suas possibilidades e dificuldades (dor, cansaço, privação de sono, volta ao trabalho, entre tantas outras coisas) e ninguém há o que culpá-la ou julgá-la por suas escolhas, pois por trás de cada escolha muitas vezes há dor e sofrimento. 

Não desestimule uma mãe a amamentar, faça ao contrário, encoraje, incentive, seja apoio. Continuo pensando que o “melhor leite é o que alimenta” e o que me alimenta é a informação, o preparo, o acolhimento e o apoio.

Texto escrito por Mariana Flávia de S. T. Braga.

Revisado por Madame Conteúdo.

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