Autismo: Temos medo que excluam nossos filhos ou que nos excluam?

 

Paula Regina Cardodo
Mãe da Julia 15 e da Laura 9


“Queria poder facilitar isso pra vocês. Não queria vê-las sofrendo anos por algo que não pede sofrimento, mas compreensão.”

 

Autismo: Temos medo que excluam nossos filhos ou que nos excluam?

Como queria ter o dom de levar paz as mães tristes e desesperadas. Como queria poder fazê-las sentir que tudo ficará bem, porque somos capazes de fazer com que tudo fique bem. Nossos filhos estão bem, nós é que, muitas vezes, não estamos. Aí passamos nossas angústias, nossas dores e preocupações pra eles. Colocamos nossa felicidade na mudança do seu diagnóstico, na mudança das suas características e passamos anos tentando fazer com que se pareçam normais, com que não tenham estereotipias, não andem na ponta dos pés etc.

Falamos que fazemos isto porque não queremos que sofram, não queremos que sejam excluídos, mas somos nós quem os excluímos, sem perceber, quando não deixamos que suas estereotipias venham à tona, que suas necessidades sejam respeitadas.

Estamos com medo que excluam nossos filhos ou que nos excluam? Estamos bravos com o olhar alheio e acusador ou com vergonha pela conduta inadequada das nossas crianças? Falar de autismo é falar de dor pra muita gente. Foi durante muito tempo pra mim. Evitava até usar a palavra, como alguns fazem com o câncer, como se minha filha estivesse envolta num diagnóstico fatal. Acontece que trabalhei como voluntária num hospital de câncer infantil e sei bem a diferença entre os dois. Câncer é uma doença terrível e autismo não.

Tive que trilhar caminhos sozinha, aprender a olhar além da minha própria frustração e dor, além da minha ignorância. Aprendi que aceitar não significa estagnar e sim, ter consciência para procurar caminhos e ajudas. Queria poder facilitar isso pra vocês. Não queria vê-las sofrendo anos por algo que não pede sofrimento, mas compreensão. Compreendam o autismo, estudem, peçam ajuda. Esqueçam bandeiras levantadas por uma ou outra doutrina. Criem ou busquem a de vocês. Mas não fiquem paradas, não sintam dó e nem vergonha das suas crianças, nem de vocês. Brinquem com seus filhos, brinquem muito. Eles precisam disso e vocês também. Exerçam a maternidade e deixem um pouco de lado a terapeuta que habita vocês. Faça parceria com bons profissionais. Se está tentando algo há muito tempo e não vê resultado, busque outros caminhos. Mas não desista, nem do seu filho, nem de você.

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