“A Cannabis salvou a minha vida”

11.12.2019 – Falando ainda sobre esse medicamento, o Canabidiol, teve recentemente sua aprovação pela Anvisa para comercialização nas farmácias do nosso país.

Compartilhamos o relato da Mãe Amiga Cristina Segatto, que é jornalista, mãe e feminista. Diretora da Pró-Vida Cannabis Associação Medicinal. Trabalha com o Despertar das Energias Femininas. Acredita que podemos transformar relações de poder em relações solidárias.

Renasci das cinzas emocionais

A Cannabis salvou minha vida e pode salvar a vida de milhões de pacientes. Por isso comecei a divulgar minha história como forma de contribuição com a sociedade e com o ativismo da cannabis, relatando como esta sendo minha experiência com essa planta abençoada que aflorou o que há de melhor em mim. Me devolveu a capacidade de usar minha cognição de forma integrada aos meus projetos. Meu sorriso é largo hoje e é meu desejo que outras pessoas possam ter acesso e melhor qualidade de vida.

Minha intenção é levar um pouco de conhecimento para quem ousar tirar o véu do preconceito de sua mente. Milhares de pessoas, em diversos países, estão fazendo uso de CDB/THC, princípios ativos da planta, sim trata-se de um fitoterápico.

Em algum momento da minha vida, como na vida de qualquer pessoa, eu me desconectei da minha “loucura internaâ€, da minha essência, da minha beleza e eu adoeci das emoções, quis deixar de existir, quis morrer e nada, nada fazia sentido. Perdi o emprego, meu noivado foi por água abaixo, minha filha ficou internada, perdi uma ação na justiça dada como ganha. Literalmente desabei.

Claro que isso virou um CID 10 F32, logo depois o diagnóstico de fibromialgia. Sentia-me defeituosa, um nada. Tive vergonha de mim mesma. Ou seja, visitei e vivi, durante anos, no famoso “fundo do poçoâ€. Mas, sobrevivi e renasci das cinzas emocionais depois de começar o tratamento com a cannabis ou maconha, que é seu nome popular.

Desde 2010 fiz uso frequentes de antidepressivos e seus coleguinhas “controladores de humorâ€. Fui diagnosticada bipolar. Fiquei afastada do trabalho por 2 x pelo INSS por causa das crises. Desde essa época que a vida não tinha sentido pra mim. Perdi a conexão com a alegria.

Essas drogas (essas são as verdadeiras drogas) me fizeram muito mal, muito mal mesmo. Deixavam-me feito gado, anestesiada sentimental e emocionalmente, meu cognitivo virou como piscina infantil: raso! Me sentia burra, fora de contexto. Durante anos meu raciocínio era lento, era torpe. Vivi uma semi vida, mas estava medicada e sem crises. A vida tinha tons pastel, nada de rosa choque ou negro, um meio termo fake.

Por anos (de 2010 a 2018) tomei todo tipo de medicamento: venlafaxina, pamelor, pondera, sibutramina, duloxetina, risperidona, sertralina, citalopram, litio, ludiomil, e tantos outros que não me lembro. Cada mudança de medicação era uma morte pra mim. Esses remédios me desconectaram da minha beleza, da minha vida, da minha loucura interna. Eu morri por anos, não tinha sonhos nem objetivos porque a vida iria acabar em breve. Sem contar que a libido era inexistente, uma horror. Sim, eu tive desejos de suicídio, mas, sempre fui covarde para isso.

Em janeiro deste ano iniciei o tratamento com óleo de cannabis, apresentado por uma psicóloga. Em menos de dois meses de uso renasci das cinzas emocionais.

Tenho estudado sobre os benefícios do tratamento e agradeço todos os dias ao meu santo Sistema Endocanabinóide, ele pode te salvar assim como salvou minha vida.

Formalizei o tratamento após consulta médica com Dr. Paulo Fleury Teixeira. Conheci várias associações e me engajei no movimento. Hoje tenho um grupo de whats onde oriento e acolho pessoas de todo o Brasil que querem iniciar esse tratamento.

Estou mais produtiva, mais ativa física e intelectualmente, voltei a dançar e criar. Não tive em nenhum momento desde então qualquer sinal de crise bipolar ou ansiedade. Consigo trabalhar e viver muito melhor. Posso dizer que sou outra pessoa, outro ser social, me sinto mais participativa e atuante como cidadã. Conectada com o fluxo da vida.

Essa partilha é muito sincera e importante pra mim, pois acredito que muitas outras pessoas com transtorno mental ou qualquer outra enfermidade podem e devem procurar tratamento com a cannabis.

 

Texto escrito por Cristina Segatto.

Revisado por Madame Conteúdo.

 

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Michelle Occiuzzi

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